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Mercado imobiliário, especialmente em Portugal, irá recuperar a sua força e velocidade em breve

8 de julho de 2020

Rafael Ascenso, director geral da Porta da Frente Christie’s, revela que os fundamentos que fazem de Portugal um país de excelência mantêm-se inalterados e que os investidores continuam a apostar no nosso país. 

Apesar de alguma quebra durante o confinamento, o responsável da rede de mediação de imobiliário de luxo, assegura que os níveis de procura estão novamente a subir e que o investidor estrangeiro mantém o interesse em comprar imóveis em Portugal. Realça ainda a subida do cliente português neste mercado, salientando também que a procura de casas com mais área e fora dos centros urbanos também aumentou.

Como está o mercado imobiliário de luxo em Portugal a ultrapassar esta crise mundial?

Com confiança que brevemente poderemos atingir os níveis de procura anteriores ao covid.

Nesta altura estamos com um nível de procura baixo, já que o mercado estrangeiro (que representa 65% das nossas vendas) está impossibilitado de se deslocar ao nosso país. Estamos a sentir um incremento importante nestas duas últimas semanas e temos recebido muitos pedidos de informação e imóveis selecionados para visitas logo que seja possível viajar. Estamos, por isso, optimistas numa retoma progressiva, mas cientes de que os níveis de venda pré-covid só se irão atingir em 2021.

A Porta da Frente Christie’s tem mantido o mesmo desempenho? Como estão os preços?

Durante este período, grande parte das empresas assumiram o regime de teletrabalho, e a Porta da Frente não foi excepção. Continuámos a trabalhar e assegurar os nossos serviços na totalidade, através de ferramentas digitais como videochamadas, visitas virtuais, reuniões virtuais, envio de imagens, etc. Temos uma plataforma criada há alguns meses, a PF360, que permite um contacto rápido directo por via digital e que garante um atendimento personalizado ao cliente. 

O mercado imobiliário sofreu também, inevitavelmente, algumas alterações e adaptações durante este período de quarentena. Houve um considerável adiamento de negócios – cancelamentos tivemos poucos, o que é muito positivo.

Em relação aos preços, pensamos que este período de quarentena acentuou uma tendência que já vinha de 2019 , ou seja, um ajustamento dos preços que já estavam fora de mercado. Depois de seis anos consecutivos de crescimento de preços, 2019 foi um ano de consolidação que se estendeu para 2020. Não consideramos que exista ou venha a existir uma queda de mercado, mas sim um ajustamento natural e que era necessário para o equilíbrio e maturidade de um sector cujos preços cresceram durante seis anos consecutivos.

Quem compra? 

A Porta da Frente Christie’s tem cerca de 65% das suas vendas alocadas ao mercado internacional, mercado esse que de momento está bastante restrito a vir para Portugal. Contudo, o interesse por parte de investidores e futuros residentes continua e temo-nos munido das ferramentas digitais para poder continuar a mostrar os nossos imóveis e a “vender” Portugal como destino de excelência. O mercado português, por sua vez, tem vindo a recuperar a dinâmica dos meses anteriores à pandemia e temos sentido cada vez mais procura.

Que zonas são as mais procuradas neste momento?

Continuamos com muita procura nas nossas principais localizações, Lisboa, Cascais e Oeiras, mas tem havido um ligeiro aumento de interessados em algumas regiões próximas a estes centros urbanos, como Malveira da Serra, Azóia, Tróia e Azeitão. Estas são localizações que oferecem muita tranquilidade e privacidade, em casas maiores (muitas delas moradias) e com bastante espaço exterior. 

É interessante esta procura por localizações fora dos centros urbanos, pois está directamente relacionada com o momento actual que vivemos, em que valorizamos muito o espaço exterior e a qualidade da nossa casa.

As mentalidades e exigências na compra de uma casa têm mudado com esta pandemia?

O nosso cliente-tipo, digamos assim, é um cliente extremamente exigente, muito devido ao segmento em que operamos. Com estes meses de pandemia, essa exigência assumiu novos moldes e novas necessidades associadas a um espaço que agora é ainda mais importante para as nossas vidas: as nossas casas. Tem havido uma maior procura por imóveis com espaços amplos e com terraço/varandas, que foram verdadeiros bálsamos no período de confinamento. Sentimos que há mais atenção aos vários espaços da casa, especialmente aqueles que podem oferecer uma vivência social durante um dia de trabalho remoto e podem acabar por ser transformados em escritórios.

A imagem que Portugal tem passado lá fora pode ser um bom indicador ou estes últimos números de subidas de casos podem influenciar o destino português?

A imagem positiva que Portugal tem passado para o resto do mundo é sem dúvida crucial para a forma como o mercado internacional nos procura. Aliás, são vários os estudos e artigos que referem Portugal como uma das melhores escolhas para residir e investir em tempos pós-covid e o facto de termos sido o primeiro país europeu a receber o selo “Safe Travels” também é bastante elucidativo.

A situação actual em que nos encontramos, ainda que mereça toda a atenção e medidas adicionais, parece-nos controlada e com focos que serão rapidamente extinguidos, pelo que não acreditamos que crie um impacto negativo em toda a imagem positiva que temos conseguido construir.

Além disso, os fundamentos que fazem de Portugal um país de excelência mantêm-se inalterados: temos uma qualidade de vida acima da média europeia, com um país seguro (somos o 3º País mais pacífico do mundo) e que recebe muito bem os estrangeiros; um custo por m2 muito abaixo das capitais vizinhas e com uma qualidade de construção elevadíssima; todas as condições e infraestruturas de saúde, educação, tecnologia e serviços; e, por fim, um custo de vida também abaixo das restantes cidades da europa, que fazem com que Portugal tenha a melhor relação custo-benefício para os seus residentes e investidores.

Como vê o futuro do mercado imobiliário em Portugal e no Mundo?

Temos verificado, nas últimas semanas, um grande aumento da procura e do ritmo de negócios, o que nos faz encarar o futuro com optimismo e confiança. Acreditamos firmemente que o mercado imobiliário, especialmente em Portugal, irá recuperar a sua força e a sua velocidade em breve. É importante referir, claro, que este é um processo que poderá ainda levar alguns meses, pois ainda temos uma pandemia a nível mundial e há uma série de consequências a impactar financeiramente as famílias. Contudo, reforçamos a nossa perspetiva de que o mercado retomará a sua força em breve.