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Conferência do “Diário Imobiliário” deixou a interrogação: “Será que o país tem sonhos largos ao invés de vistas largas?”

19 de julho de 2024

A primeira conferência do Diário Imobiliário, que teve lugar esta terça-feira, no Auditório da Casa do Comércio, na Rua Castilho, em Lisboa, surgiu como  espaço de debate de soluções que podem moldar o futuro do sector imobiliário e do país.

Com um vasto público, o painel destacou a urgência na reabilitação de escolas e hospitais, a capacidade das empresas portuguesas para dar resposta a estas grandes obras anunciadas pelo Governo e prioridade nas obras públicas.

Moderada por Fernanda Pedro, fundadora e Directora-Geral do Diário Imobiliário, a conferência teve início com a questão central:"Será que é desta que as obras anunciadas pelo Governo avançam?"

O painel liderado pelo Presidente da APPII, Hugo Santos Ferreira, pelo Presidente da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário, Manuel Reis de Campos, e pelo Presidente da Ordem dos Arquitectos, Avelino Oliveira, destacaram os desafios da execução do PRR e das grandes obras públicas, como o Aeroporto Luís de Camões, o TGV Lisboa-Madrid e a Terceira Travessia do Tejo, e sobre o estado actual do sector imobiliário.

Durante a conferência, Fernanda Pedro alertou para a questão:"Como é que Portugal pode ser um país de primeiro mundo, de vistas largas com escolas no sector da Educação, hospitais na Saúde, em estado de países do terceiro mundo?"


Hugo Santos Ferreira


Manuel Reis de Campos



Hugo Santos Ferreira , salientou que "A falta de infraestruturas condicionam muito e directamente os negócios e o seu desenvolvimento" e que "É importante estar atento às alterações políticas no plano internacional pois Portugal poderá ter muito a ganhar"

Sobre o estado do sector imobiliário refere ainda que " A dignificação da fileira é um tema central – há um problema de má imagem que o sector também é responsável e passa para a opinião pública. Devíamos estar a valorizar a função."  No que diz respeito à habitação em Portugal, o Presidente da APPII sublinha que"Temos de pensar que se os investidores não vierem para cá vão para outros países. Espanha tem lucrado imenso com os "tiros nos pés que Portugal tem dado". Para criar este produto é preciso ter um licenciamento célere e resolver o problema da habitação, caso contrário teremos sempre as pernas cortadas"

No que diz respeito às grandes obras públicas , o  Presidente da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário  referiu "Não tenho dúvidas em afirmar que Portugal tem as empresas, a dimensão e os profissionais para o fazer. Aliás porque não são as empresas portuguesas a fazer estas obras? Não há nenhuma concessão, mas a verdade é que são grandes oportunidades para o seu portfólio e experiência internacional."

Manuel Reis Campos, partilhou ainda a sua perspectiva sobre o sector da construção em Portugal "Temos um problema de mão-de -obra. O sector precisa de 80 mil trabalhadores e não se percebe como é que um terço do desemprego em Portugal é deste sector. Temos 2 Centros de formação, só no Porto estão 12 mil pessoas mas não chegam. Temos que integrar imigrantes e deveríamos poder considerar um visto de trabalho e um visto de formação. Os imigrantes estão a fortalecer três sectores neste momento, o primeiro é a agricultura com 41%, 36% para o sector da construção e depois os outros, hotelaria e restauração."

Já Avelino Oliveira abordou o estado atual do país e destacou que  "Portugal precisa de ser bom em planeamento. Temos um conjunto muito grande de projectos ambiciosos, mas sabemos com o tempo certo para cada etapa do processo – não podemos fiar-nos na capacidade que os portugueses têm de conseguir sempre dar a volta e resolver. Temos que enfrentar os problemas com realismo".

O Presidente do Conselho Directivo da Ordem dos Arquitetos, acrescentou que "Nós não temos deficiência de conhecimento nem de qualidade de técnicos profissionais, mas somos capazes de não ter capacidade para executar tudo isto. O que significa que os políticos podem estar a falhar – temos que enfrentar os problemas reais se quisermos ter vistas largas".

A primeira conferência do “Diário Imobiliário” contou com o patrocínio da rede de mediação Century 21, da empresa Garcia Garcia e da Associação Portuguesa do Alumínio.