Cortiça portuguesa no Serpentine Summer Pavilion em Londres
O mais visitado de todos os pavilhões de Verão da famosa galeria de arte londrina, conhecidas como Serpentine Galleries, localizadas nos Kensington Gardens, vai receber mais uma vez a cortiça portuguesa.
A cortiça é de novo o material de eleição do Serpentine Summer Pavilion. Fornecida pela Corticeira Amorim, a matéria-prima genuinamente portuguesa volta, assim, ao lugar de destaque numa das exposições de referência da arquitectura mundial. São 200 metros quadrados de cortiça que, neste caso, responderam ao desafio do estúdio sul-africano Counterspace de construir uma instalação com o foco na sustentabilidade.
Na verdade, a primeira vez da cortiça no Serpentine Summer Pavilion aconteceu em 2012, num projecto assinado pelos arquitectos suíços Herzog & de Meuron e pelo artista chinês Ai Weiwei. Uma estrutura circular integrando cerca de 100 peças de mobiliário de aglomerado de cortiça nacional. O resultado do impacto deixa pouca margem para dúvidas: o mais visitado de todos os pavilhões de Verão da famosa galeria de arte londrina.
Counterspace, o colectivo sul-africano de arquitectura fundado e dirigido por Summaya Vally, arquitecta muito recentemente reconhecida pela Times (2021 TIME100 Next List), é o 20º convidado a desenhar o Serpentine Summer Pavilion. Lançado em 2020, por altura do 50º aniversário da Serpentine Galleries, e devido às restrições impostas pela COVID-19, o projecto transformou-se num programa de dois anos (2020/21), facto que nunca havia acontecido até agora. Oportunidade para alavancar um conjunto de iniciativas de pesquisa, reflexão e debate que criarão significativas conexões entre a estrutura, as pessoas e as comunidades.
Sumayya Vally, a mais jovem arquitecta escolhida para liderar o icónico programa de arquitetura da Serpentine, afirma: "a cortiça foi escolhida devido à sua capacidade de moldação, maleabilidade e flexibilidade, capaz de recriar diversos espaços no pavilhão. Alinhando-se com o interesse do pavilhão em recuperar e reconfigurar o contexto, tanto local como material". Nesse pressuposto, e para além da cortiça que prima pelas suas credenciais de sustentabilidade únicas, uma matéria-prima 100% natural, ecológica, renovável, reciclável e reutilizável, na edificação do pavilhão são utilizados outros materiais verdes, incluindo aço reciclado para os elementos estruturais.
Contornando a permanência da arquitectura, o Serpentine Summer Pavilion é concebido como um evento que, nesta edição, incluirá um conjunto de elementos móveis a instalar em diversos bairros de Londres para promover e facilitar encontros e interações improvisadas, em homenagem aos lugares e estruturas que consolidaram as comunidades ao longo do tempo. O projecto centra-se nas experiências das comunidades periféricas e de migrantes da capital britânica. Um convite à reflexão sobre ideias em torno da arquitetura, do design, do ambiente, da comunidade e do bem-estar.
Temáticas que estão perfeitamente alinhadas com a missão da Corticeira Amorim, como enfatiza Cristina Rios de Amorim: "acrescentar valor à cortiça de forma competitiva, diferenciada e inovadora, em perfeita harmonia com a Natureza." Sublinhando que, inerente à cultura e ética da Corticeira Amorim está "o objectivo permanente de contribuir para um mundo melhor, mais inclusivo e justo". A administradora da Corticeira Amorim acrescenta que "é igualmente reconfortante perceber o reconhecimento angariado pela cortiça junto de renomados artistas, designers e arquitetos. Ano após ano constatamos que ganhamos adeptos para a nossa causa: nenhum produto consegue equiparar-se em termos de atributos. Oferecendo tanto, sendo solução para tantas aplicações, contribuindo exemplarmente para o combate às alterações climáticas. Destacada novamente neste palco mundial da criatividade e da inovação, temos a certeza de que a cortiça será amplamente apreciada, repetindo-se o sucesso e a notoriedade alcançados em há nove anos atrás".
50 anos exposições pioneiras de uma ampla diversidade de artistas
Defendendo novas ideias na arte contemporânea desde 1970, as Serpentine Galleries apresentaram nos últimos 50 anos exposições pioneiras de uma ampla diversidade de artistas, desde os chamados emergentes até aos mais reconhecidos internacionalmente. As Serpentine Galleries, localizadas nos Kensington Gardens, promovem um programa anual gratuito que contempla também mostras de arquitectura, eventos educativos e iniciativas de inovação tecnológica. O Serpentine Summer Pavilion teve a sua génese em 2000, quando Zaha Hadid desenhou a primeira infraestrutura. Desde então Daniel Libeskind, Oscar Niemeyer, Rem Koolhaas, Frank Gehry ou Jean Nouvel foram apenas alguns dos conceituados arquitetos associados ao Serpentine Summer Pavilion. Os premiados arquitectos portugueses Álvaro Siza e Eduardo Souto de Moura assinaram o pavilhão em 2005.