CONSTRUÍMOS
NOTÍCIA
Sustentabilidade

 

Com o consumo actual vamos precisar de três planetas até meados deste século para sobreviver

11 de janeiro de 2021

O alerta partiu da secretária de Estado do Ambiente, Inês dos Santos Costa, durante o Casais Summit, na Conferência sobre Alterações Climáticas e Sustentabilidade Ambiental, organizado em parceria com o Diário Imobiliário e a Green Media.

Também na sua intervenção, António Carlos Rodrigues, CEO do Grupo Casais, garantiu que “este desafio não se vence sozinho, a razão pela qual organizámos esta conferência é para passar este exemplo para que outros façam também. É um desafio que requer massa crítica e vai tomar infelizmente mais do que uma geração para o resolver”.

A conferência contou com a assitência de mais de 1000 pessoas, com duração de quatro horas, foi transmitido em directo via Facebook, sendo em breve disponibilizado nas plataformas digitais.

Os oradores presentes no seminário foram Pedro Martins Barata Partner da Get2C, responsável pela coordenação de projectos na área de política climática e consultoria estratégica, Arquitecto Pedro Ressano Garcia do atelier Ressano Garcia Arquitetos, Luísa Magalhães, Executive Director da Associação Smart Waste Portugal e o Arquitecto e Investigador, José Pequeno.

No início da sessão, a Secretária de Estado do Ambiente, relembrou que o mundo, neste momento, usa mais recursos do que aquilo que um planeta consegue fornecer, sendo que o nível atual do consumo global significa que precisaremos de cerca de três planetas até meados deste século e encontramo-nos a falar no nosso tempo de vida, não estamos a falar de um futuro longínquo. Porém, o slogan que muitas vezes ouvimos de facto é real. Nós só temos um planeta, não temos três”. Ao finalizar a sua reflexão sobre o tema, a Inês dos Santos Costa deixou uma mensagem a todos, afirmando que “o caminho faz-se caminhando e vamos continuar a trabalhar”.

Pedro Martins Barata, abordou o tema da Covid-19, referindo dados relevantes para as alterações climáticas ao afirmar que durante o confinamento houve uma redução recorde nas emissões de carbono, decorrente do estilo de vida que tivemos de adotar na pandemia e em particular do facto de termos de prescindir do veículo automóvel e aumentar imensamente o teletrabalho. Apesar de tudo temos cada vez mais a evidência de que esta transição energética se está a fazer e que vamos ter efetivamente reduções muito mais rápidas do que pensávamos há 5 anos”.

Já Pedro Ressano Garcia salientou que as gerações anteriores fizeram o melhor que sabiam e que “nós agora sabemos mais, temos mais conhecimento e podemos fazer melhor.” Dessa forma, partilhou os cinco princípios que considera fundamentais face às alterações climáticas, sendo eles a “Introdução de vegetação local; Conforto e consumo energético; Efeito esponja e controle térmico; Reciclagem de materiais e Energia passiva e Eficiência Energética. As novas soluções arquitectónicas mais sustentáveis, como muitos estudos demonstram, são uma tendência, serão uma necessidade e a prazo, uma imposição”.

Luísa Magalhães, na sua intervenção abordou várias temáticas, tendo como objectivo caraterizar e quantificar a importância das atividades ligadas à recolha, tratamento, valorização e eliminação de resíduos. Abordou ainda iniciativas referentes à economia circular que se baseia na redução da utilização de matérias-primas virgens e em que o produtos e materiais são reutilizados sempre que possível, defendendo que é necessário aplicar diversas medidas como, utilizar material reciclado, entregar os resíduos das obras domésticas e projetar de forma a que os recursos possam ser economicamente reutilizados e reforçando que para chegarmos a bom porto é preciso que exista uma colaboração de todos, que a cadeia de valor esteja reunida para tentarmos criar mais valor, promover uma maior reutilização e evitar que surja a reprodução de tantos resíduos de construção”.

O arquitecto José Pequeno, que defendeu que “grandes Mudanças criam Grandes Oportunidades”, abordou a Fractus que pretende transformar o paradigma da construção através da oferta de soluções rápidas, sustentáveis do ponto de vista ambiental, a um preço competitivo e com alta qualidade. O “Sistema de construção inovador é baseado numa estrutura em aço para o “esqueleto” do edifício e painéis leves patenteados para paredes interiores, exteriores e lajes.” O Arquiteto finalizou a sua apresentação, referindo que “Em conjunto podemos ter sempre a possibilidade de intervir”.

Fernanda Pedro, directora do Diário Imobiliário e participante da Conferência, alertou que “é necessário alterar os nossos hábitos pois são eles que destabilizam o ecossistema do planeta. O “Homem” habita o planeta e tem de criar alternativas para um consumo de energia mais eficiente. A Europa está empenhada neste objectivo com o Plano Ecológico Europeu e cabe-nos a nós decidir seguir por um caminho de um planeta mais limpo mais ecológico e menos poluído”.

Para finalizar o seminário, o António Carlos Rodrigues realçou que “na Casais começámos a actuar e estamos numa jornada para melhorar os nossos processos de construção alterando a forma como fazemos as obras para reduzir as emissões. Este desafio não se vence sozinho, a razão pela qual organizamos esta conferência é para passar este exemplo para que outros façam também. É um desafio que requer massa crítica e vai tomar infelizmente mais do que uma geração para o resolver. Posto isso, a mensagem que quero transmitir é que a nossa indústria pode e deve contribuir para a construção de um futuro melhor”.

Leia o jornal do evento AQUI