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Sustentabilidade

 

Cerca de 40% do total das emissões de carbono advêm do imobiliário

25 de maio de 2021

O investimento adicional exigido para implementar medidas de sustentabilidade num edifício não irá muito além dos 5% face ao um imóvel semelhante, indica o estudo da JLL “Building a New Future With Sustainability”.

O estudo inovador em Portugal analisa o impacto da adopção de medidas de sustentabilidade no custo e valor dos imóveis, focando-se no mercado de escritórios. O documento olha ainda para a forma como os promotores e investidores ativos em Portugal estão a aplicar estratégias para ter edifícios mais sustentáveis e como vêm esta questão no futuro.

Denominado “Building a New Future With Sustainability”, o estudo foi hoje apresentado em Lisboa num evento promovido pela JLL, sendo mais um reflexo da aposta da consultora na sustentabilidade, uma área para a qual lançou recentemente uma linha de consultoria especializada.

“Para nós a sustentabilidade é muito mais que uma área de negócio. É um dos valores base da nossa organização. Tentamos incorporar a sustentabilidade em tudo o que fazemos e na relação com todos os nossos stakeholders, desde os colaboradores e acionistas aos clientes e à comunidade. É um compromisso que temos diariamente, nas mais pequenas coisas, como motivar os nossos colaboradores a ter um estilo de vida mais sustentável, e nas mais abrangentes, como apoiar os nossos clientes a incorporar medidas de sustentabilidade nos seus activos”, refere Pedro Lancastre, CEO da JLL Portugal.  

Para tal, a JLL tem vindo a reforçar os seus serviços nesta área, através do Departamento de Sustainability. Liderado por Caetano de Bragança, esta área de negócio especializada na sustentabilidade presta um leque completo de serviços focados em apoiar os clientes a desenvolver e implementar estratégias para um imobiliário mais sustentável, resiliente e de maior valor. Entre os serviços prestados incluem-se consultoria em Sustentabilidade Corporativa, Gestão de Portefólios, Avaliação e Otimização de Edifícios, bem como Certificação Internacional em sustentabilidade, com foco nos certificados Breeam, LEED e Well.

Caetano de Bragança, Head of Sustainability, nota que “a procura e o interesse por serviços de sustentabilidade aumenta todos os dias. Uma estratégia de sustentabilidade para edifícios não é só uma forma de respeitar o ambiente, como também melhora a experiência, a saúde e o bem estar dos ocupantes. Os nossos clientes têm a consciência que a adoção de uma estratégia de sustentabilidade é o caminho certo para um negócio responsável, resiliente e com futuro. Estas estratégias passam por olhar aos edifícios e transformá-los, para que consigamos viver harmoniosamente com o nosso planeta. O mundo caminha nesse sentido e queremos ser o parceiro de eleição dos nossos clientes no seu percurso de sustentabilidade, em todas as fases dos processos de decisão, desde a conceção, à implementação e à otimização”.

O estudo foi desenvolvido pelo Departamento de Strategic Consultancy & Research da JLL e fornece indicadores sobre o impacto financeiro das medidas de sustentabilidade, especialmente sobre o valor e desempenho ocupacional dos imóveis.

Sector terá um papel crucial na construção de um futuro mais resiliente e sustentável

“Cerca de 40% do total das emissões de carbono advêm do imobiliário, pelo que este sector terá um papel crucial na construção de um futuro mais resiliente e sustentável. É importante que os investidores, promotores e ocupantes percebam que a sustentabilidade e o desenvolvimento de edifícios mais verdes vai ser uma exigência de base no futuro. O estudo pretende precisamente mostrar que investir em edifícios mais sustentáveis é não só uma urgência estrutural das sociedades e do ambiente, como tem efetivamente benefícios muito relevantes em termos de custos, valor e desempenho ocupacional dos imóveis”, comenta Joana Fonseca, Head Strategic Consultancy & Research.

Para evidenciar estes aspectos, o estudo foca-se no mercado de escritórios, um segmento que permite ter uma perspectiva mais abrangente deste impacto. A consultora refere que apesar dos custos à cabeça serem mais elevados quando se investe num edifício mais sustentável, há evidências de que este tipo de imóveis tenderá a ter um melhor desempenho em termos de atratividade comercial, taxas de ocupação, rendas e custos operacionais.

O estudo refere que o investimento adicional exigido para implementar medidas de sustentabilidade num edifício não irá muito além dos 5% face ao um imóvel semelhante onde tais padrões não sejam aplicados. Além disso, a própria indústria da construção está a evoluir e os custos para tal investimento tenderão a reduzir à medida que os padrões de sustentabilidade sejam cada vez mais um requisito básico. Por outro lado, nota a JLL, não investir num imóvel com certificação de sustentabilidade poderá ter um custo futuro muito mais elevado, uma vez que é expetável a depreciação do valor de um imóvel não sustentável no tempo, assim como o aumento da carga fiscal para penalizar edifícios com emissões de carbono excessivas.

Edifícios mais sustentáveis estão associados a rendas mais elevadas

Há também um claro impacto nas rendas. Ainda que dependendo da conjugação de variáveis como a localização, os termos de arrendamento, o perfil do inquilino ou a idade do imóvel, numa comparação de dois edifícios semelhantes, no mercado de Londres, a JLL apurou um prémio de 6% a 11% na renda dos ativos com certificação em sustentabilidade.

No âmbito dos custos operacionais, a implementação de medidas de sustentabilidade num edifício pode ter um impacto muito relevante, estimando-se reduções de 25% a 50% no consumo de energia, de 40% no gasto de água e de 70% na produção de resíduos.

Outra vertente é o impacto no desempenho ocupacional dos imóveis. Os edifícios mais sustentáveis estão associados a rendas mais elevadas, menores incentivos e à atração de inquilinos com perfil mais sofisticado, além de haver evidência de menores tempos de comercialização e taxas de disponibilidade mais baixas.

82% dos operadores activos em Portugal afirma ter intenção de avançar no compromisso com a sustentabilidade

A JLL refere que apesar de atualmente apenas 3% do stock de escritórios de Lisboa ter certificação de sustentabilidade, há uma crescente aposta dos promotores e investidores neste caminho, visto que 58% dos 230.000 m2 actualmente em construção já incorporam certificações BRREAM, LEED ou WELL. Um inquérito aos Clientes da JLL na região EMEA, mostra que em Portugal 82% dos operadores activos afirma ter intenção de avançar no compromisso com a sustentabilidade, uma quota superior à registada para a Alemanha, Espanha ou França.

A JLL desenvolveu ainda um inquérito especificamente junto de clientes corporativos com activos de escritórios em Lisboa, concluindo que para 88% dos inquiridos as questões da saúde e bem-estar são a principal prioridade das estratégias de sustentabilidade no imobiliário e que as motivações principais para a maioria dos investidores investirem em sustentabilidade assentam na responsabilidade social corporativa e no envolvimento com o bem-estar dos ocupantes.

“Continua a existir uma perceção errada do custo/beneficio dos edifícios sustentáveis em Portugal, pelo que estes dados são críticos para perceber o impacto financeiro de um ambiente construído mais sustentável e para apoiar as melhores decisões. Este estudo pretende precisamente mostrar que os edifícios sustentáveis fazem sentido não só pelo seu impacto ambiental positivo, mas também porque geram retornos financeiros efetivos: mitigam risco, baixam custos operacionais, aumentam o prémio das rendas e comprimem as yields, assim resultando num maior valor de venda do imóvel. A sustentabilidade deve ser uma prioridade e estar em cada fase do ciclo de vida do imóvel, indo muito além da certificação. E mais do que isso, vai tornar-se a norma no futuro. Não fazer nada já não é opção”, termina o director geral da JLL, Pedro Lancastre.