Beato vai ter uma Alameda pedonal
A nova Alameda do Beato, em Lisboa, vai ser um espaço essencialmente pedonal, com trânsito automóvel condicionado, vocacionado para o usufruto da comunidade.
O projecto de requalificação da Alameda do Beato, da autoria do atelier Orgânica Arquitectura, vai ser hoje apresentado, às 18h30, no Hub Criativo do Beato (antiga Manutenção Militar). A sessão pública de apresentação, promovida pela Câmara Municipal de Lisboa no âmbito do Programa “Uma Praça em Cada Bairro”, vai contar com a presença do arquitecto Paulo Serôdio, autor do projecto de requalificação daquela zona de Lisboa, que abrange uma área de intervenção de 6000 metros quadrados.
Este era um espaço que esperava já há algum tempo uma requalificação. Com uma vista privilegiada para o rio, a intervenção abrange todo o espaço público da Alameda, a área mais ampla do Largo e a Travessa da Alameda do Beato, que se encontra muito degradada porque confina directamente com a Alameda.
A proposta do arquitecto Paulo Serôdio, vencedora do Concurso para a Alameda do Beato, irá reconfigurar o espaço público a partir da sua memória e identidade original promovendo a unidade do espaço da Alameda, desde a Igreja do Convento à Rua do Beato, através de um desenho sóbrio assente num único material - o pavimento de gabro.
"No séc. XX o automóvel e o mundo a ele ligado - as garagens e oficinas - tomaram conta da Alameda do Beato. O espaço público foi ficando refém de uma cada vez maior descaracterização, falta de organização espacial e de circulação”, refere Paulo Serôdio, acrescentando: “a nossa proposta procura trazer um outro tempo, abrandando velocidades, resgatando as qualidades óbvias do espaço”.
Nesta requalificação, o atelier optou pelo pavimento de pedra lioz no adro da igreja, estado prevista ao lado da fachada principal a implantação de duas linhas de árvores, fundamentais para definir as circulações de carros e pessoas. Serão privilegiados os peões e minimizada a presença de automóveis no local.
O arquitecto explica que “condicionamos a circulação automóvel e regramos o seu estacionamento, dando enfoque à comunidade, trazendo às pessoas locais de encontro, de lazer e fruição: queremos criar um ambiente calmo, onde a comunidade se encontre, onde as árvores filtrem o sol às esplanadas, onde andar a pé ou de bicicleta vai ser a nova regra."
A proposta prevê ainda a eliminação de um dos acessos viários a partir da Rua do Beato, mantendo-se apenas o acesso à travessa da Alameda do Beato junto ao edifício da Fábrica da Nacional, o que expande o espaço pedonal entre a Rua do Beato e a Travessa da Alameda do Beato.
Simultaneamente, haverá um acesso condicionado à Alameda, apenas aberto a moradores e comerciais, que irá transformar o espaço num local tranquilo aberto a lojas e esplanadas de cafés. Do mesmo modo, o estacionamento estará disponível apenas a moradores e comerciais locais. Está prevista a instalação de comunicação dissuasora que impeça o estacionamento desregrado na zona.
Vai ser criado um passeio largo, aberto à instalação de actividade comercial nos pisos térreos e, a sul, um largo generoso aberto a todo o tipo de actividades. Será um espaço convidativo que, junto ao muro existente, terá mais árvores idênticas às que já existem.