
Presidente da CGD defende extensão das moratórias de crédito
Paulo Macedo, presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) defendeu que as moratórias no pagamento de créditos decididas pelo Governo no âmbito da crise da covid-19, que vigoram até final de Setembro, sejam prolongadas por mais seis ou 12 meses.
“Parece importante que [o prolongamento das moratórias] seja equacionado, pelo menos mais seis ou 12 meses”, disse Paulo Macedo, dando a entender que há abertura do Governo para isso ser feito.
O presidente executivo do banco público, que falava na sede da CGD, em Lisboa, considerou ainda que a moratória deveria ter seis meses de duração a partir do momento do pedido, para “não cair tudo no mesmo dia”, criando problemas de excessivos pedidos com que lidar.
Já quanto às moratórias privadas dos bancos, acordadas no âmbito da Associação Portuguesa de Bancos (APB), Macedo considerou que também haverá disponibilidade para as prorrogar.
O responsável da CGD afirmou que, mesmo que as moratórias legais não sejam estendidas, o banco público está disponível para dar moratórias aos seus clientes, mas o problema é que se for uma iniciativa isolada, apenas do banco, há o risco de os créditos abrangidos por essas moratórias terem de ser registados como crédito em incumprimento no banco e deixando essa marca no cliente.
No final de Abril, o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, considerou também que as moratórias de pagamento de créditos devem ter "uma extensão tão longa quanto possível", de forma a evitar o crescimento do crédito malparado.
A CGD divulgou hoje que, na última segunda-feira, tinha pedidos de 54 mil clientes para moratórias de crédito, seja de particulares ou de empresas, e que os pedidos elegíveis eram 47 mil.
Dos clientes elegíveis para moratórias, na segunda-feira, tinham já sido aprovados pedidos de moratórias de 38 mil clientes, cujos empréstimos totais ascendem a 4,7 mil milhões de euros.
O administrador da CGD José de Brito explicou que cada cliente pode pedir moratórias para vários créditos (por exemplo, crédito à habitação e crédito automóvel), pelo que os dados da CGD podem não ser directamente comparáveis com os de outros bancos.
Desde final de Março está em vigor a lei que permite a suspensão dos pagamentos das prestações de créditos à habitação e créditos de empresas (capital e/ou juros) por seis meses, de Abril a Setembro, estando a ser estudada pelo Governo a hipótese de essas moratórias serem estendidas.
Também os principais bancos que operam em Portugal acordaram moratórias para crédito ao consumo (não abrangido pela lei do Governo) e crédito à habitação, sendo que podem aceder à moratória clientes com quebras de 20% nos seus rendimentos (que a lei do Governo não abrange).
A CGD anunciou hoje lucros de 86,2 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano, menos 31,6% do que os 126,1 milhões de euros de igual período do ano passado.
LUSA/DI