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Preço das matérias-primas e a falta de mão-de-obra qualificada preocupa empresários

15 de julho de 2022

65% dos empresários portugueses aponta o preço das matérias-primas e a falta de mão de obra qualificada os dois principais actuais desafios das suas empresas.

Segundo a edição de Junho do Barómetro Kaizen que inquiriu mais de 200 gestores de empresas que representam, no seu conjunto, mais de 35% do PIB de Portugal, com a desaceleração da retoma, o grau de confiança na economia por parte dos empresários inquiridos passa para 10,95, sofrendo um ligeiro decréscimo comparativamente à última edição em que se posicionava em 11,1. Contudo, e apesar do panorama pouco abonatório para a economia nacional, 80% dos empresários prevê cumprir ou ultrapassar os objectivos estabelecidos para 2022.

Ainda assim, a contínua volatilidade e incerteza dos mercados globais é uma realidade no actual contexto e 74% dos inquiridos admite que o aumento do preço das matérias-primas é uma das principais tendências que mais tem afectado o negócio; por outro lado, 66% dos gestores aponta como outro grande desafio, a falta de mão-de-obra qualificada. Face a uma inflação galopante, cujo valor não era tão elevado desde há quatro décadas, tendo excedido totalmente as expectativas do Banco Central Europeu, os empresários têm apostado na automação de tarefas (50%) e na diversificação do sourcing de matérias-primas e componentes (43%) como as principais iniciativas para garantirem as suas margens. Dentro do contexto inflacionista, ainda a realçar que o aumento dos preços de matérias-primas ou componentes é, para 49% dos gestores, o efeito mais significativo do aumento generalizado da inflação. Na segunda posição, 28% dos empresários posicionam o aumento da energia como outra consequência igualmente grave.

Dentro dos riscos de disrupção das cadeias de fornecimento, 68% destaca como factor mais preocupante, a falta de materiais e/ou componentes de fornecedores, e 47% aponta as dificuldades inerentes com transportes e entregas. Para contornar estas vicissitudes e potenciar o crescimento da organização, 64% das empresas têm apostado na criação de novos produtos, serviços ou modelos de negócio e 52% tem optado por aumentar o valor acrescentado dos produtos potenciando valores de venda mais elevados.

Ganhar credibilidade e reputação institucional como um dos principais motivos para apostar nas práticas sustentáveis

A maioria dos gestores responsabilizam-se cada vez mais pelo impacto que as organizações que lideram, têm na comunidade e no mundo, e afirmam que as práticas sustentáveis são uma ambição estratégica. Nesse sentido, as temáticas de sustentabilidade têm uma preocupação cada vez maior e grande parte das organizações consideram as práticas sustentáveis uma ambição estratégica. Contudo, apenas 54% dos inquiridos admite um grau de compromisso alto relativamente às políticas de ESG - Environmental, Social e Governance; por outro lado, 46% dos inquiridos admite que o seu grau de envolvimento nestas políticas ainda é médio ou baixo. Para desenvolver a sustentabilidade e garantir o cumprimento destas políticas, 56% afirma ter uma estratégia de ESG com iniciativas concretas de curto prazo nas 3 vertentes; por outro lado, 7% dos inquiridos admite não ter uma estratégia de sustentabilidade bem definida.

Dentro dos benefícios que as empresas esperam obter com a estratégia de ESG, a credibilidade e reputação institucional (81%) e reter e atrair talento com maior consciência ambiental e social (50%) estão no topo das preferências dos gestores. Contudo, apenas 18% aloca mais de 3% da sua receita em investimentos em sustentabilidade.

“Estamos a viver tempos conturbados onde a incerteza tem dominado as tomadas de decisão. A resiliência das cadeias de abastecimento está a ser completamente posta à prova e agora que já praticamente recuperamos o nível da procura para os valores pré-pandemia, a resposta tem sido ineficaz, acima de tudo porque apesar da falta de pessoas, matérias-primas ou materiais, os processos também não são robustos. A eficácia e a robustez de todos os processos devem continuar a ser um tema central nas organizações. Antes da pandemia foi-nos permitido observar que a excelência operacional já não chegava para as organizações liderarem no seu sector, tendo as componentes de crescimento, marketing e vendas assumido um papel muito preponderante. Contudo, esta crise energética e de matérias-primas, volta a reforçar que o OPEX nas nossas organizações é muito relevante e, daí, o perfil de respostas que obtivemos nesta edição do barómetro”, realça António Costa, CEO do Kaizen Institute.

A inovação como eixo fundamental do crescimento

A inovação é o núcleo do crescimento do negócio e há cada vez uma maior aposta neste eixo para propiciar o crescimento das organizações. Neste âmbito, 62% dos inquiridos tem apostado na inovação nos processos da organização e 50% opta pela criação de novos produtos e serviços com base nas necessidades dos clientes.

No contexto da transição digital que temos vindo a atravessar, de realçar que 42%, definiu uma estratégia de transformação para a empresa como um todo e identificou os processos críticos, sendo que a estrutura e sequência destes processos foram optimizadas antes da sua digitalização.O Barómetro Kaizen é um estudo de opinião desenvolvido semestralmente pelo Instituto Kaizen em Portugal junto de administradores e gestores de médias e grandes empresas que actuam no mercado português sobre a sua perspectiva quanto a temas de actualidade, à evolução da economia e do seu negócio, perspectivando tendências e desafios.