Mercados alternativos são o futuro do mercado imobiliário?
O que os jovens de hoje querem em termos de habitação e de locais de trabalho? Os novos residentes das cidades são hoje os millennials, os digital nomads, os young profissionals, ou os expats e o imobiliário não pode ficar alheia a essa transformação.
Para debater este tema a APPII - Associação Portuguesa dos Promotores e Investidores Imobiliários, irá realizar no dia 18 de Junho, no Rooftop Victoria Building, na Avenida da Liberdade, em Lisboa, a conferência: Are you brave? The Brave New World of Alternatives.
Entre os oradores, estão Philip Hillman, Chairman Living Capital Markets JLL EMEA, Edward Miller, VP Round Hill Capital, Nicolas James Dugerdil, Expansion Iberia Director Medici Living Group, Ricardo Kendall, CEO Smart Studios, João Carlos Simoes, CEO IDEA Co-working, Jorge Fonseca, Founding Partner Memmo Ville, Williams Johnson Mota, Ambassador of Co-Liv Portugal & CEO of B-Hive Living , Arthur Moreno, Manging Partner Stone Capital, Pedro Vicente, Board Member Habitat Invest, Miguel Santo Amaro, Co-founder Uniplaces, Filipa Arantes Pedroso, Partner Morais Leitão, João Almeida, Co-founder Impact Hub Lisbon e Gui Perdrix, Co-Liv International Vice President. Conta também com a presença da Vereadora do Urbanismo da Câmara Municipal de Cascais , Filipa Roseta.
Para Hugo Santos Ferreira, vice-presidente da APPII, "o mundo está a meio de uma evolução alucinante, com reflexos em várias vertentes tecnológicas e até sociais. Falamos, por exemplo, do modo diferente como as novas gerações encaram a vida pessoal, profissional e em comunidade. Os novos residentes das cidades são hoje os millennials, os digital nomads, os young profissionals, ou os expats, com diferentes tipos de vivências, necessidades e exigências".
Ora, a indústria do imobiliário não pode ficar alheia a essa transformação, tendo de estar atenta e conhecer as novas formas de fazer imobiliário e de criar espaços. "Estão, nomeadamente, em causa as formas alternativas ao segmento residencial como o co-living, student housing, senior housing, assisted living, micro-housing, etc, ou mesmo ao segmento de escritórios tradicional como o co-working".
O responsável revela que estão a criar-se, com tendência para aumentar, todas as condições para a implementação efectiva destas novas realidades.
"Interessa, desde logo, conhecer as várias razões que estiveram por trás do nascimento destas formas alternativas em cidades como Nova Iorque, Londres, ou Berlim, onde já não são vistas como tendências, mas sim como realidades de uma sociedade em mudança e mais do que isso como uma necessidade do presente, que vai perdurar e desenvolver-se no futuro. Testemunhando esse facto, um estudo recente da consultora PWC refere que a procura para investimento neste tipo de conceitos alternativos mais do que duplicou entre 2015 e 2019".
Admite ainda que "podemos, desde logo, dizer que estas formas alternativas de imobiliário residencial têm na sua base a superação de dois problemas que são comuns a quase todas as cidades em crescimento do mundo – onde se inclui claramente Lisboa e Porto - e que são a falta de oferta habitacional nos centros urbanos, especialmente perto dos locais de trabalho e a consequente escalada dos preços. É por isso que uma das ferramentas para resolver tais problemas é a criação de espaços de coliving pois, com áreas privadas mais pequenas, permitem uma maior alocação de utilizadores por edifício, optimizando-o, com a óbvia disponibilização a preços mais baixos".
Necessidades dos novos habitantes das cidades são outras
O vice-presidenta da APPII, adianta também que hoje, as necessidades dos novos habitantes das cidades são outras. "Há um novo estilo de vida e de trabalhar. Não é só a busca de preços mais baixos que motiva a procura por estas formas alternativas, mas sim uma maior apetência pela vida em comunidade, beneficiando dos conhecimentos e aprendizagens do colectivo. Estamos a falar dos habitantes do futuro. Se atentarmos nos millennials, por exemplo, são jovens do mundo, que necessitam de espaços flexíveis, descomprometidos, onde a palavra partilha ganha uma nova dimensão".
"As próprias noções de um trabalho para a vida num mesmo local são conceitos do passado. Hoje as empresas e os trabalhadores privilegiam a mobilidade e o conhecimento à escala global. A conexão e as relações empresariais são agora feitas em rede, não carecendo haver um contacto pessoal tão frequente. E, portanto, o próprio coworking é uma realidade que veio, igualmente, para ficar. Mas mais, se considerarmos que também aqui as exigências são já muito mais exigentes, é natural que tenhamos a entrar no nosso mercado alguns projetos com uma mistura de conceitos e ofertas, como os projectos que combinam trabalho, lazer e vida em comunidade, como os hostels para digital nomads, ou os edifícios que combinam harmoniosamente coliving com espaços de co-working", acrescenta.
Entraves à concretização de projectos
De entre as maiores dificuldades ou entraves ainda sentidos, para a execução destes projectos, Hugo Santos Ferreira aponta o mais significativo, que é a regulamentação (nomeadamente camarária) aplicável aos novos modelos. Depois, o próprio conceito jurídico-legal: Habitacional? Serviços? Na área do turismo?
E por fim, a escassez de terrenos ou edifícios que se enquadrem neste tipo de ativos imobiliários, com bons preços e localizações.
"Mas, não tenho dúvidas que a necessidade vai certamente criar a oportunidade (já está a criar) e que os problemas existem para ser resolvidos…. Assim as entidades públicas se juntem aos privados na criação das cidades do futuro!", conclui