
APEMIP reafirma ser erro limitar 'vistos gold'
A Associação dos Profissionais das Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) defendeu hoje a construção nova e preços controlados, pois está em causa o acesso à habitação, mas reafirmou que é errado impedir ‘vistos gold’ em Lisboa e Porto.
Em comunicado hoje divulgado, o presidente da APEMIP, Luís Lima, considerou “uma preocupação” os preços do mercado habitacional, referindo que há que tomar medidas para melhorar o acesso à habitação.
“A habitação é um direito constitucionalmente reconhecido e há anos que apelo à construção nova e que digo que, nas zonas de maior procura, é necessário introduzir activos a preços controlados que sejam dirigidos para estes segmentos”, afirmou.
Contudo, afirma, é necessário compreender que foi o dinamismo do mercado imobiliário, sobretudo de investimento privado e muito estrangeiro, que “lavou a cara das cidades e as tornou muito mais apetecíveis”, afirmando que a eliminação do regime de 'vistos gold' em Lisboa e Porto (como propõe o PS) não atingirá apenas estas cidades, mas outras zonas dessas áreas metropolitanas, que necessitam desse investimento.
APEMIP defende subida do valor mínimo de investimento de 500 mil para um milhão de euros
“Repito que não concordo com qualquer decisão que tenha como objectivo travar a procura, muito menos quando estão a ser consideradas as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. A primeira inclui 17 municípios e a segunda 14. Será que os concelhos de Palmela, Setúbal, Barreiro, Valongo, São João da Madeira ou Gondomar não precisam de investimento”, questionou.
Em contrapartida, a APEMIP tem defendido alterações ao programa de ‘vistos gold’ para os municípios de Lisboa e Porto, por exemplo, com a subida do valor mínimo de investimento de 500 mil para um milhão de euros para obter autorizações de residência.
O ministro das Infraestruturas e da Habitação reagiu, na quarta-feira, a declarações do presidente da APEMIP que tinha considerado que "agir para travar a procura é um crime de lesa-pátria”.
Segundo Pedro Nuno Santos, os preços praticados no mercado imobiliário em Lisboa e no Porto é que são “um crime lesa-pátria”.
O governante afirmou que, depois da crise financeira, o sector imobiliário português viveu um momento difícil e foi necessário "um conjunto de medidas que ajudassem a que o sector recuperasse".
Vários sectores serão afectados...
Contudo, “neste momento, os 'vistos gold' não resolvem o problema da população portuguesa na cidade de Lisboa e no Porto” e, aliás, sobem os preços para níveis que os cidadãos não podem pagar.
No comunicado hoje divulgado, Luís Lima admitiu que possa “parecer exagerada” a frase por si proferida, mas considerou que essa foi mesmo a intenção já que – considerou – ao ser travada a procura está a ser causado “um dano irreparável à confiança dos investidores em Portugal”.
Luís Lima admitiu ainda o interesse corporativo da associação que representa no regime dos 'vistos gold', mas afirmou que há muitos outros sectores que dependem do dinamismo do mercado imobiliário e que, caso a proposta do PS vá avante, “sofrerão com uma quebra da procura, e no limite, também sofrerá a própria economia do país”.
Contudo, disse concordar com as palavras do ministro e que já atempadamente mostrou essas preocupações ao Governo, que as minorou.
"Respeito e concordo com o senhor ministro quando diz que os preços em Lisboa e Porto estão fora do alcance das famílias. Aliás, é para isso mesmo que tenho vindo a alertar desde que mercado começou a sentir os primeiros efeitos de um sobreaquecimento, altura em que a APEMIP solicitou uma audiência ao Governo em exercício à data, em que demonstrei a minha preocupação a um governante ao mais alto nível, que me respondeu que não me deveria preocupar com isso, porque era apenas o mercado a funcionar…", afirmou Luís Lima, citado em comunicado.
Lusa/DI