30.000 milhões de euros de crédito malparado transaccionados na Ibéria em 2019
A projecção é apresentada no mais recente estudo da empresa Prime Yield para este mercado, "Keep an Eye on the NPL & REO Markets", focado em Portugal, Espanha, Grécia e Brasil
Portugal deverá, uma vez mais, ter registado vendas no pico de 8.000 milhões de euros, ao passo que Espanha se terá consolidado em torno dos 22.000 milhões, depois de um 2018 em que atingiu máximos históricos.
As expectativas para 2020 apontam para outro ano dinâmico em Portugal e Espanha, mas com ambos os mercados a entrarem em fases de maior maturidade.
“Uma oportunidade interessante de investimento...”
A Prime Yield, parte da Gloval, acaba de divulgar a edição de 2020 do seu estudo "Keep an Eye on the NPL & REO Markets", focado no potencial de negócios de Non-Performing Loans (NPL, ou o chamado crédito malparado) em Portugal, Espanha, Grécia e Brasil, mercados onde a empresa está presente e bastante activa.
"Os players de todo o mundo olham para estas carteiras de dívida como uma oportunidade interessante de investimento, numa altura em que, apesar das boas perspectivas económicas e dos avanços feitos, muitos países continuam a ter elevados stocks de NPL para resolver no seu sistema financeiro. Para países europeus como Portugal, Espanha e Grécia, ou o Brasil, na América Latina, a resolução desses problemas continua a ser urgente e ainda há muito por fazer. Por isso, desenvolvemos um estudo com um olhar específico sobre cada um destes mercados, com a noção de que se encontram em fases diferentes de maturidade e que, por isso, geram oportunidades diferentes para perfis de risco também diferenciados. O estudo pretende, assim, disponibilizar uma ferramenta de valor acrescentado para quem pretende estar bem posicionado no competitivo mercado de NPL", diz Nelson Rêgo, Director Geral da Prime Yield e responsável pelos serviços de avaliação de portefólios da Gloval.
Venda de grandes portefólios em Portugal e em Espanha
O research da Prime Yield conclui que 2019 foi outro ano de grande dinâmica para a venda de portefólios de crédito malparado na Ibéria, com o volume de investimento agregado a totalizar cerca de 30.000 milhões de euros. O mercado português representa 27% deste volume, estabilizando as vendas num patamar de 8.000 milhões, um máximo atingido pela primeira vez o ano passado e agora repetido. De acordo com este research, Portugal voltou a transacionar malparado em máximos em 2019, destacando-se a venda de portefólios de grande dimensão por parte de vários bancos, embora em 2020 se espere a colocação no mercado de carteiras mais granulares e de menor dimensão (com menos activos residenciais). É seguro antecipar outro ano dinâmico em 2020, ainda que com um decréscimo nos volumes finais devido a essa menor dimensão das carteiras que vêm para o mercado. É também de notar — diz o estudo — “que há cada vez menos investimentos oportunísticos, o que mostra que este sector está a entrar num período de maior maturidade, permitindo, ao mesmo tempo, que os vendedores minimizem as suas perdas e que os compradores mantenham um nível atractivo de retornos. Os dados levantados pela Prime Yield apontam para um stock actual de malparado no sistema financeiro em Portugal de 21.700 milhões de (T3 2019, Banco de Portugal), numa redução de 29.300 milhões face ao pico observado em Junho de 2016. O rácio de NPL também recuou de forma expressiva, estando agora em 7,7% (face aos 17,9% registados em Junho de 2016). Ainda assim, este é o terceiro rácio de NPL mais elevado na Europa.
Espanha entra num período de maturidade
Espanha, por sua vez, contribui com 73% do investimento em NPL na Península Ibérica, mas, ao contrário de Portugal, registou uma descida no volume de vendas para cerca de 22.000 milhões de euros. Isto significa que o mercado espanhol está agora a consolidar-se neste patamar, depois de transaccionar num pico excepcional de 60.000 milhões de euros em 2018. Quanto a 2020, a Prime Yield espera que tanto Portugal como Espanha sigam a tendência de forte actividade de 2019.