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Quatro anos para absorver escritórios devolutos em Lisboa

 

Quatro anos para absorver escritórios devolutos em Lisboa

11 de fevereiro de 2015

O desempenho da procura de escritórios acompanha os principais indicadores macroeconómicos tendo uma correlação negativa com a taxa de desemprego e correlação positiva com o Produto Interno Bruto e a Procura Interna.

A média ponderada de 2010 a 2012 da área de escritórios ocupados é de 100 mil m2, menos de metade da verificada em 2008, e diz-nos, na teoria, que necessitamos de quatro anos e meio para absorver toda a área de escritórios devolutos em Lisboa que totaliza 450 mil m2.

A realidade é no entanto ainda um pouco mais negra. O número de empresas que estão a expandir, com novas áreas de negócio ou iniciam atividade em Portugal é menor que as empresas que se relocalizam por razões de diminuição de área ocupada. Esta diferença significa que a área colocada nos últimos anos e nos próximos não reduz na sua totalidade à área disponível.

Acrescento ainda para completar o quadro geral que a população portuguesa activa está praticamente estagnada há 10 anos.

A área devoluta em escritórios na grande Lisboa tem características muito díspares relativamente a preços, qualidade e acessibilidades.

Destaco pela positiva a capacidade de adaptação da zona do Parque das Nações que baixou os valores e com isso passou a oferecer de forma assertiva qualidade, preço e acessibilidades. Destaco também pela positiva a zona da Avenida da Liberdade que devido à procura de espaços de retalho por parte das grandes marcas de luxo está a ser alvo de grandes investimentos nos edifícios por toda a avenida, beneficiando a qualidade dos espaços de escritórios oferecidos.

Pela negativa destaco o corredor Oeste, que apesar da qualidade elevada da maioria dos espaços devolutos vê-se na necessidade de baixar valor de forma drástica de forma a colmatar a menor valia nas acessibilidades e o excesso de oferta decorrente da construção especulativa dos últimos 10 anos.

Como grandes desafios para o futuro temos as zonas das Avenidas Novas e as zonas históricas que pelo mesmo motivo, espaços desactualizados ou mesmo sem qualquer tipo de condições para o uso de serviços, tem de reavaliar o seu uso de forma a saber se apostam na renovação para o mesmo uso ou se o mudam para habitação, hotéis, ou outros.

Portugal oferece todas as comodidades de um país europeu mas com um excelente clima. Estas condições físicas ajudam a deslocar quadros estrangeiros para Portugal, daí o sucesso recente nos serviços partilhados de algumas multinacionais. Portugal tem mão-de-obra qualificada, com grande facilidade línguas e espaços de escritórios de grande qualidade com custo muito reduzido, daí a crescente aposta nos call centers de apoio aos restantes países europeus. Oferece assim espaços mais baratos, mão-de-obra mais barata e uma potencial ponte para a Europa para países como o Brasil, Angola e os restantes Palops, e assim se percebe a crescente presença de empresas destes países em Portugal.

Concluo num tom positivo. As oportunidades existem e estão no mercado para serem aproveitadas para quem tiver a coragem de tomar decisões nesta altura tão critica. Não fazer nada não é opção. Renegociar, Relocalizar, Reabilitar, Reestruturar, ou seja, adaptar-se da melhor forma a uma realidade diferente para ter sucesso.

Amílcar Marques da Silva
Associate, Departamento de escritórios da C&W

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