


Ponte Vasco da Gama: previsões de tráfego falharam
Mais de 62 mil carros passam diariamente pela Ponte Vasco da Gama, número que está longe das previsões que justificaram a construção daquela infraestrutura sobre o Tejo, que há vinte anos une Lisboa a Alcochete e ao Montijo.
Vinte anos depois de ter sido construída, a Ponte Vasco da Gama, oficialmente inaugurada a 29 de Março de 1998, falhou o objectivo principal de retirar carros à 25 de Abril, apesar do aumento do tráfego médio diário nos últimos anos, depois de um decréscimo nos anos da 'troika'.
Segundo dados do Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), desde que a Vasco da Gama foi inaugurada, a 29 de Março de 1998, o tráfego na ponte 25 de Abril apresentou sempre crescimentos anuais até 2007.
No último ano, a Ponte Vasco da Gama teve um Tráfego Médio Diário Anual (TMDA) de 62.435 carros e a 25 de Abril de 144.930 carros diários.
Estes valores ficam muito aquém do esperado há 15 anos, quando estudos apontavam para "um desvio natural" do tráfego da Ponte 25 de Abril para a Vasco da Gama - com portagens a preços iguais - de 15%.
Com o comboio na 25 de Abril, o desvio natural subiria para 17% e, na melhor das hipóteses, para 25%.
Os estudos feitos apontavam ainda para um total de 25 mil automóveis/dia a circular na Ponte Vasco da Gama, numa primeira fase, e cerca de 132 mil veículos/dia no ano 2020.
A Ponte Vasco da Gama, com 17,2 quilómetros, foi inaugurada a 29 de março de 1998 e representou um investimento de 897,8 milhões de euros.
Em 20 anos população residente na margem sul duplicou e a população de flamingos também
A Ponte Vasco da Gama facilitou o acesso a Lisboa e, em 20 anos, duplicou a população residente nos concelhos da margem Sul, mas o presidente de Alcochete lamenta que as infraestruturas não tenham acompanhado o aumento dos habitantes.
A Vasco da Gama mudou a centralidade dos dois concelhos Montijo e Alcochete e isso levou a que um ‘boom’ populacional se mudasse para a margem sul. Ambos os concelhos praticamente duplicaram a população em 20 anos.
As duas localidades consideram que não perderam as respectivas identidades e tentaram a integração dos novos residentes nas tradições e cultura locais.
Nem as preocupações ambientais aquando da construção da ponte, segundo o presidente da Câmara de Alcochete, se justificaram, salientando a requalificação das Salinas do Samouco.
“Na altura havia uma preocupação generalizada, sobretudo ao nível dos ambientalistas, na questão de aves, com particular incidência para a questão dos flamingos, mas o que é certo é que hoje a própria população de flamingos quase que duplicou em relação à que existia o que veio provar que a Ponte Vasco da Gama não é inimiga dos flamingos”, destacou.
Lusa/DI