

Investidores chineses não desistem de Portugal
Mesmo depois dos escândalos de corrupção com os Vistos Gold, os investidores não desistem de Portugal, pelo contrário, querem continuar a apostar no nosso país. Esse interesse é visível pelo número crescente de chineses a viverem em território nacional. Se em 2003 a população chinesa era de apenas 4.000, actualmente passou para mais de 20.000.
E nem mesmo a demora que agora enfrentam na concessão dos Vistos Gold os afastam de investirem no nosso país. Estas são algumas das conclusões que o jornalista John Krich aponta no artigo que escreve na revista Nikkei Asian Review, publicada hoje.
John Krich entrevistou vários investidores chineses que apostaram em Portugal e outros que vieram viver para território português. A opinião é generalizada. Os portugueses são simpáticos, humildes, os preços ainda são baixos, existem escolas internacionais, o meio ambiente e o clima são bons e até referem que se pode jogar golfe durante todo o ano, como referiu Jorge Woo, um ex-engenheiro que chegou ao nosso país para trabalhar para uma empresa de telecomunicações chinesa, mas mais tarde fundou a WooBridge, uma consultoria que ajuda os chineses a emigrar.
Contudo, Woo revela que a questão da corrupção e a burocracia tem atrasado o investimento chinês em Portugal. Mas estas situações também tem ajudado os investidores e os portugueses a serem mais cautelosos.
É fácil fazer negócios aqui
Ainda assim, os motivos de interesse mútuo continuam fortes. "É fácil fazer negócios aqui", refere Dai Qinglei, director da Level Constellation no artigo. "As culturas são muito semelhantes, com base em relações pessoais - e onde isso pode levar cinco anos para ser convidado para jantar num país nórdico, aqui você ser convidado no primeiro dia." Outro ponto importante a favor de Portugal é a questão de segurança, principalmente depois dos atentados em França, em Novembro de 2015.
Como refere o artigo de John Krich, oportunidades não faltam, especialmente no sector imobiliário. "Lisboa é a última grande capital da Europa que está em renovação. Ela está rejuvenescendo e se actualizando tal como aconteceu em Barcelona uma década ou mais atrás", salienta Dai.
"Como resultado, muitos antigos palácios, palacetes e prédios de apartamentos estão a ser reabilitadas em todo o centro da cidade. Enquanto alguns anos atrás, os principais sinais da presença chinesa em Lisboa eram as Lojas de imigrantes (lojas chinesas) cheios de mercadoria barata e mantimentos orientais, no bairro em grande parte Africano do Martim Moniz. Agora, já são vistos banners de língua chinesa em projectos de reabilitação oferecendo condomínios de luxo".
Apesar do imobiliário ser um dos motores principais do investimento chinês, não devemos esquecer a participação de capital chinês em várias empresas, sobretudo de energia, entre elas 25% na EDP.
Na verdade, os chineses querem continuar a apostar no nosso país e não será o atraso nos vistos gold porque eles próprios sabem das suas capacidade de espera e não é por acaso que é considerado o povo mais paciência no mundo, tal como referiu Woo: Somos um pouco mais pacientes do que outros.