Procura de terrenos para construir casa dispara na pandemia
Interesse em comprar um terreno rústico e urbano para construir casa tem vindo a aumentar em quase todos os distritos de Portugal Continental, segundo revela um estudo do idealista.
O estudo do portal mostra que, durante a pandemia, a procura por terrenos disparou: tanto por espaços urbanos, suscetíveis de “urbanização ou de edificação” (segundo o artigo 74.º do Decreto-Lei n.º 80/2015); como por solos rústicos, onde é possível cultivar alimentos, cuidar de animais, plantar árvores ou transformá-lo em urbano para construir - embora esta última seja uma opção de “carácter excecional” e “limitada”, segundo o artigo 72.º do mesmo decreto.
A procura por terrenos urbanos (onde é possível construir casa), aumentou na maioria dos distritos portugueses – em 16 dos 18 – e houve 11, em concreto, onde mais do que duplicou. Bragança regista um aumento na procura na ordem dos 600%. A par da procura, o preço unitário também subiu neste período, mas menos - 22% -, alcançando em Março deste ano os 89,4 euros por metro quadrado (euros/m2).
O distrito de Braga foi o segundo que deu o maior dos saltos na procura por terrenos urbanos, disparando 219% durante a pandemia. Segue-se Setúbal a registar um aumento de 168%, Leiria (+150%), Santarém (+142%), Beja (+135%), Faro (+135%), Porto (+132%), Lisboa (+129%), Portalegre (+113%) e Aveiro (+110%). Por outro lado, as famílias reduziram a procura de terrenos urbanos ao longo do último ano na Guarda (-52%) e em Castelo Branco (-3%), distritos onde o stock pouco aumentou (6-7%) e os preços unitários pouco ou nada diminuíram.
No caso dos terrenos urbanos, verifica-se que o stock foi acompanhando o aumento da procura, já que apresentou um comportamento geral estável durante a pandemia - a grande excepção ocorreu em Vila Real (+54%). E registam-se ainda quatro distritos onde o salto da procura poderá ter levado a ligeiras descidas no volume de solo urbano disponível neste período: Leiria (-8%), Beja (-6%), Santarém (-4%) e Setúbal (-1%).
O estudo indica ainda que os preços unitários dos terrenos aumentaram em metade dos distritos analisados, com destaque para Évora (+39%), Vila Real (+39%), Bragança (+22%) e Coimbra (+21%), onde se registaram as maiores evoluções entre Março de 2020 e Março de 2021.
A queda mais acentuada foi registada em Portalegre (-24%), seguida de Beja (-12%) e Viseu (-9%). Nestes três, a descida de preços pode ter levado a um aumento da procura no último ano.
Procura por terrenos rústicos mais do que duplicou
Já a procura por terrenos rústicos subiu em todos os distritos de Portugal continental, sem excepção. E em metade dos distritos verificou-se que a procura mais do que duplicou durante a pandemia, apresentando variações acima dos 100%. São eles Faro (+250%), Setúbal (+186%), Vila Real (+171%), Castelo Branco (+165%), Bragança (+161%), Aveiro (+152%), Beja (+131%), Viana do Castelo (+124%) e Coimbra (+106%). A menos expressiva foi registada em Portalegre, onde só evoluiu 19%.
A variação de stock de solos rústicos é mais heterogénea do que nos terrenos urbanos – variando entre +93% (em Braga, onde a procura subiu 93%) e -20% (em Évora, distrito que registou um aumento da procura de 165%).
A par da procura, os preços unitários dos terrenos rústicos também subiram na maioria dos distritos em análise – em concreto em 13 distritos dos 18. A subida mais expressiva foi mesmo em Portalegre (de 51%), onde o valor dos terrenos rústicos cresceu de 2,5 euros/m2 para 3,7 euros/m2. Lisboa registou a segunda maior subida neste período – de 49% - com os preços a atingir os 10 euros/m2 em março deste ano. Vila Real ocupa o terceiro lugar com uma variação de 37%, fixando o preço dos solos rústicos em 6 euros/m2. Neste panorama, houve apenas quatro distritos onde os valores dos terrenos deste tipo colocados no mercado em março de 2021 é menor do que no período homólogo: Guarda (-12%), Braga (-11%), no Porto (-10%) e Aveiro (-6%).
“O aumento da procura por terrenos, tanto urbanos como rústicos, é evidente neste ano de pandemia, o que fez com os preços também subissem. Ao compararmos os dados de 2019, antes do aparecimento da Covid-19, e os dados de hoje, percebemos que há um interesse claro nos terrenos, seja para construção de habitações com mais espaço interior e exterior, assim como os terrenos rústicos, para cultivos, considerando que a atividade agrícola se provou resiliente em tempos de pandemia", analisa Inês Campaniço, responsável do idealista/data em Portugal.
Os dados referem-se aos 18 distritos de Portugal continental e mostram variações existentes entre a procura, os preços unitários e stock existente nestes tipos de solos entre Março de 2020 e Março de 2021.