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Construção conseguiu aguentar embate do primeiro impacto da pandemia

28 de maio de 2020

A Construção atravessa, à semelhança dos outros sectores económicos, um período difícil e incerto, mas com um menor impacto imediato na sua actividade, uma vez que a declaração de Estado de Emergência não determinou a suspensão das obras.

De acordo com a Conjuntura da Construção relativa ao mês de Maio de 2020, divulgada hoje pela AICCOPN e a AECOPS, a estimativa rápida do PIB elaborada pelo INE para o primeiro trimestre de 2020 aponta para uma queda homóloga de 2,4% e uma redução de 3,9%, face ao último trimestre de 2019, ambas em termos reais.

Segundo o INE, “A contracção da actividade económica reflecte o impacto da pandemia COVID-19 que já se fez sentir significativamente no último mês do trimestre.” De salientar que não se registava uma variação homóloga negativa do PIB desde o 3º trimestre de 2013.

Relativamente ao sector da Construção em particular, de acordo com o Inquérito Rápido e Excepcional às Empresas - COVID19, promovido pelo INE, e analisando os resultados apurados na semana de 20 a 24 de Abril (em pleno estado de emergência), 8,5% das empresas de construção declararam ter suspendido temporariamente a actividade ou encerrado definitivamente. Do total das empresas, 62,9% registaram uma redução no volume de negócios, e num terço dessas essa diminuição foi superior a 50%. Ainda de referir que 45,0% das empresas viram reduzido o número de pessoas efectivamente a trabalhar, sendo que 24,1% dessas apontaram para uma diminuição superior a 50% no número de trabalhadores.

Em termos quantitativos o Índice de produção da Construção, também da responsabilidade do INE, registou, no primeiro trimestre do ano, uma variação homóloga acumulada de -0.6%. Ainda que esta queda não seja muito expressiva, este índice, que mede a produção da construção em termos mensais, não apresentava uma variação homóloga negativa desde o final de 2016, mostrando, desde então, uma recuperação sustentada, que se verificou até Fevereiro de 2020.

De igual modo, os resultados do primeiro trimestre do Inquérito ao emprego, do INE, apontam para uma redução de 2,1%, em termos homólogos, do número de trabalhadores do sector da construção, que rondaram os 302 mil até Março de 2020 (menos 6,5 mil do que no trimestre homólogo de 2019). Em termos da procura dirigida ao sector da Construção, é de assinalar que, em termos acumulados até ao último mês para o qual existe informação disponível, mantêm-se níveis positivos de intenção de investimento, quer público quer privado.

A AICCOPN e a AECOPS referem que no entanto, quando analisados os números mensais:

. no mês de Março, registaram-se quebras significativas face à média dos dois meses anteriores, tanto nas licenças emitidas para fins residenciais como não residenciais;

. no mês de Abril, os valores dos concursos abertos e dos contratos celebrados, no mercado das obras públicas, caíram 49% no caso dos concursos lançados e 18% no caso dos contratos celebrados, quando comparados com os respetivos valores médios mensais apurados no primeiro trimestre do ano, apesar de, em termos homólogos acumulados, se manterem variações positivas, de 30,2% e 10,5% respectivamente.

"Assim, ainda que a Construção atravesse, à semelhança da generalidade dos sectores económicos, um período difícil e incerto, regista um menor impacto imediato sobre a sua actividade, uma vez que a declaração de Estado de Emergência não determinou a suspensão das obras, a exemplo do que se passou na generalidade dos países. A sua evolução dependerá, em absoluto, das medidas de recuperação económica que vierem a ser adoptadas que, no caso da Construção, tem de passar por um aumento significativo do investimento público", referem as duas associações do sector da construção e obras públicas.