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O Aeroporto do Montijo e a especulação imobiliária

14 de fevereiro de 2017

A Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária (APEMIP) não teme a especulação sobre os preços dos imóveis devido à construção de um aeroporto no Montijo, apesar do impacto no imobiliário, no emprego e na actividade económica local.

“Qualquer infraestrutura aeroportuária terá sempre impacto no sector imobiliário: é necessário construir novas instalações, é necessário que no ambiente que se gera à volta do aeroporto haja novas instalações, novos equipamentos e novas situações de habitação e de comércio”, afirmou à Lusa o presidente da assembleia-geral da APEMIP, João Pessoa e Costa, acrescentando que os aeroportos são hoje “grandes centros comerciais”.

Confrontado com a eventual especulação imobiliária no Montijo e arredores, como aconteceu com Alcochete aquando do anúncio da construção nesse concelho de um aeroporto de raiz – o que acabou por nunca acontecer -, o responsável afastou preocupações: “Não temo. Penso que o mercado imobiliário está muito profissional. Há sempre momentos de algum pico [de preços], mas depois passam rapidamente”, afirmou.

“Os clientes nacionais e os clientes estrangeiros apercebem-se de que a cidade de Lisboa oferece sobretudo estabilidade, segurança, e, portanto, em termos de preços também penso que é isso que vão acompanhar e não vão sair deste quadro”, acrescentou.

A APEMIP não dispõe ainda de valores relativos à procura e à venda de imóveis no Montijo, na sequência do anúncio do Governo de que a base aérea n.º 6 é a solução que aparenta maior viabilidade para acolher um aeroporto civil.

João Pessoa e Costa explica que ainda “é prematuro” dispor desses números, lembrando que a decisão final quanto à localização do futuro aeroporto civil ainda não foi tomada, apesar de haver uma certeza.

 

Efeitos multiplicadores para a economia

“Sabe-se que o novo aeroporto se situará na Área Metropolitana da Lisboa e, portanto, o impacto que essa nova infraestrutura terá na actividade económica é sempre relevante e atendível”, reiterou o presidente da assembleia-geral da APEMIP, constituída em 2004.

Alguns agentes imobiliários têm admitido à comunicação social um aumento de 10% no preço das casas.

João Pessoa e Costa espera que a nova infraestrutura venha a servir, principalmente, a cidade de Lisboa e o turismo.

“De facto, os números do crescimento do turismo são importantes. O efeito multiplicador que têm o turismo e o sector imobiliário sobre outras actividades é absolutamente relevante e tudo isso são aspectos que são de saudar por esta decisão”, concluiu.

Na quarta-feira é assinado um memorando de entendimento entre o Governo e a ANA – Aeroportos de Portugal para o aprofundamento de estudos acerca da construção de um aeroporto no Montijo, no distrito de Setúbal.

Na semana passada, o primeiro-ministro, António Costa, afirmou que o Governo acordou com a ANA a necessidade de aprofundar o estudo relativamente à solução que aparenta viabilidade, que é a do Montijo.

“Mas é uma viabilidade que está condicionada ainda a dados que só poderemos ter no final do ano, designadamente sobre o impacto de ser uma zona de migração de pássaros", frisou então António Costa.

Lusa/DI