Turismo: É necessário redesenhar uma estratégia para os próximos dez anos
O turismo em Portugal enfrenta novos desafios e corresponde exactamente ao que Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT – Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo, afirmou o ano passado, que” assistiamos a um fim de ciclo”. Na abertura da 45ª edição do congresso da APAVT que arrancou hoje na cidade do Funchal, na Madeira, com o tema ‘Turismo: Opções Estratégicas’, o responsável confirma esta tendência, e um ‘conjunto importante de desafios ergue-se agora com mais ntitidez do que nunca”.
Pedro Costa Ferreira, realçou os bons resultados obtidos nos últimos anos, com crescimento em várias frentes, no entanto, avançou que actualmente verifica-se um abrandamento no crescimento e “em algumas regiões registamos decréscimos”. O presidente da APAVT revelou ainda que em alguns espaços turísticos, o diálogo entre o crescimento turístico e o dia-a-dia das populações tornou-se mais difícil, em muitas situações, a qualidade dos serviços não acompanhou a subida dos preços e que por esse motivo irão provavelmente descer. Garantiu que se perderam importantes oportunidades do lado do MI (também designado turismo de negócios)”.
Contudo, o responsável assegurou que o fim de ciclo não é negativo mas pode ser uma oportunidade. “Uma oportunidade para reflectirmos sobre aspectos positivos, mas também os efeitos negativos laterais do desenvolvimento recente, possibilitando para o redesenhar de toda uma estratégia para os próximos dez anos”.
As críticas incidiram em várias áreas do sector, nomeadamente no segmento das companhias aéreas. “Mantem-se teimosamente por regular, todo o espaço relacionado com a falência das companhias aéreas. E contudo, dir-se-ia que temos que temer muito mais a falência de uma companhia aérea, do que qualquer incidente, nas viagens dos nossos turistas. De facto, nos últimos dois anos, faliram 36 companhias aéras”.
O presidente levantou ainda a questão da mobilidade turística nas grandes cidades. “Sendo certo que temos de gerir a pressão turística, em nome da qualidade do turismo e do bem-estar das populações, não é menos verdade que medidas avulsas contra operadores turísticos não resolverão o problema”.
Espanha é mais atractiva para o turismo de negócios
Sobre o turismo de negócios deixou ainda um alerta à secretária de Eatado do Turismo, Rita Marques, presente no congresso, “este segmento está a ser fustigado pela desigualdade fiscal, relativamente ao nosso directo competidor, a vizinha Espanha, e que “persistindo, mantém uma série de eventos de igual valor acrescentado, 23% mais baratos em Espanha, do que em Portugal”. Salientou também que o MI pode ser fundamental para o crescimento da receita por pax.
Os problemas aeroportuários são tanto de engenharia, como da política turística
Sobre o novo aeroporto do Montijo, não sabe se será a melhor resposta ao problema do crescimento do hub de Lisboa, no entanto, considera frustante se a promessa não se concretizar. “Mas mais importante, é sublinhar que o problema aeroportuário não é apenas do hub de Lisboa, e muito menos um assunto de mera engenharia. O Algarve tem problemas de sazonalidade não resolvidas, e que não se resolverão com nenhuma obra de engenharia. A Madeira tem um problema de inoperacionalidade que vem matando a confiança dos players. Os problemas aeroportuários são tanto de engenharia, como da política turística”.
Apesar dos alertas e das preocupações lançadas pelo presidente da APAVT, os resultados que apresentou mostram umsector ainda dinâmico. “Num momento tão delicado do mercado, atingimos acumulado a Setembro, um número recorde de emissões de passagens aéreas no BSP, com um crescimenrto acumulado de 7,5% mais de 740 milhões de emissões, mais cerca de 51 milhões de emissões, face a igual período do ano passado.
Rita Marques, secretária de Estado do Turismo, apresentou neste congresso os desafios no turismo que o Governo está a trabalhar.
Salientou a importância das infraestruturas, revelando que a aposta é grande nesta matéria, sobretudo para melhoras as já existentes nomedamente as aeroportuárias, ferroviárias e rodoviárias.
Reforçou ainda a necessidade de melhorar infraestruturas para acolher os turistas e o turismo de negócios.
No entanto, a representante do executivo não adiantou ou explicou qualquer solução ou estratégia para os problemas apresentados.
A 45ª edição do congresso da APAVT - Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo decorre até sábado, na cidade do Funchal, na Madeira. Turismo: Opções Estratégicas é o tema deste ano para o maior evento do sector.
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