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Turismo

 

Todas as empresas de turismo residencial estão a recorrer massivamente ao lay-off

3 de abril de 2020

A APR – Associação Portuguesa de Resorts revela que todas as empresas estão a recorrer massivamente ao lay-off que, nalguns casos, atinge até 95% dos seus colaboradores.

De recordar que são muitas as actividades ligadas ao turismo residencial, já que abrange a construção e venda de imobiliário turístico residencial, manutenção e gestão dos empreendimentos turísticos, prestação de serviços integrais de apoio aos numerosos residentes permanentes (segurança, limpeza, manutenção, alimentação, etc.), exploração turística das unidades, promoção e gestão de serviços de saúde e bem-estar, e outros marcadamente turísticos como golfe, desportos aquáticos e de natureza.

A crise provocada pelo surto epidemiológico está a ter efeitos inéditos em toda a cadeia de valor do sector do Turismo Residencial. Todas as empresas estão a recorrer massivamente ao lay-off que, nalguns casos, atinge até 95% dos seus colaboradores. Os serviços comerciais ainda a funcionar tentam manter o contacto e a confiança dos seus clientes, mas as visitas e os novos negócios tendem para zero. Nos negócios que estavam em curso, as empresas debatem-se com a impossibilidade de formalizar escrituras. A pressão nas tesourarias já se faz sentir porque as vendas de imobiliário têm um peso de até 80% nas receitas anuais das empresas do ramo. E ainda ninguém sabe quando poderá sequer haver alívio das restrições sociais e económicas.

Para as empresas diretamente representadas pela APR, e só relativamente ao negócio do imobiliário turístico residencial, está em causa um negócio imobiliário de 650 milhões de euros e mais de 4.500 trabalhadores permanentes, a que acrescem 1.500 temporários em épocas altas. De momento, as previsões de perdas são superiores a 70% no total do ano 2020 relativamente ao ano anterior.

 Na opinião de Pedro Fontainhas, Director Executivo da Associação Portuguesa de Resorts, “entendemos que as medidas já tomadas pelo Governo são positivas, mas ainda muito insuficientes e em vários casos não inteiramente detalhadas. Está em causa a viabilidade de um sector determinante para a recuperação económica de Portugal. São necessárias mais medidas para a sobrevivência durante a crise, e para a rápida recuperação durante o início da retoma, de dezenas de empresas, de milhares de colaboradores e suas famílias e de muitos milhões de euros de actividade económica e receitas fiscais. Assim, propomos:

  • A isenção ou diferimento dos impostos e obrigações acessórias que sobrecarregam o setor do Imobiliário, nomeadamente o IMT e o IMI pelo menos durante o período de retoma. Poderá a título de exemplo proceder-se à reposição do regime da utilidade turística que foi abolido em 2019. Esta medida será fortemente motivadora para os compradores e uma vantagem competitiva de Portugal numa altura em que concorrentes como a Tunísia, Turquia e Grécia se preparam para injetar avolumadas quantias na promoção dos seus destinos.
  • A eliminação de impostos como o AIMI que penalizam ainda mais o Imobiliário, setor já de si recordista em carga fiscal.
  • A revisão do regime de IVA da construção para a taxa reduzida de 6% durante o período de retoma, como aliás se fez para recuperação e reabilitação das principais cidades.
  • O relançamento determinado e descomplexado de instrumentos de competitividade nacional na captação e fixação de investimento estrangeiro, especialmente as Autorizações de Residência para atividades de Investimento (ARI/Vistos Gold) e o Regime dos Residentes Não-Habituais.
  • A facilitação de formalização de negócios à distância recorrendo, por exemplo, à nossa rede consular para permitir realizar uma operação em simultâneo em dois locais remotos e pelos meios eletrónicos disponíveis.

O Turismo e o Imobiliário têm estado entre os principais motores da economia portuguesa ao longo dos anos. São indústrias que importa proteger empenhadamente e com realismo pois pode estar em causa a sua capacidade de ajudar eficazmente o país quando delas mais necessitar”.