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Turismo

 

Mais de um terço das segundas casas são para Alojamento Local.

25 de setembro de 2018

No início dos anos 2000, apenas 14% das residências secundárias eram adquiridas para fins de Alojamento Local (AL) exclusivamente e não para uso pessoal. Quando o crédito à habitação sofreu uma queda acentuada, este valor passou para 19%, e agora mais de um terço são compradas unicamente para uso exclusivo na modalidade de AL.

De acordo com um novo estudo da consultora imobiliária Savills em conjunto com a HomeAway, plataforma especialista em alojamentos para férias, o mercado internacional das casas secundárias evoluiu significativamente nestes últimos dez anos, com proprietários que privilegiam a possibilidade de obter rendimentos extras em vez do clássico uso pessoal das suas residências secundárias.

Nos anos 70 do século passado, nove em cada dez proprietários desfrutavam do uso exclusivo da sua residência secundária para si e sua família. Ainda recentemente, nos anos 2000, 8 em cada 10 nunca tinham optado por alugar a turistas a sua casa secundária. Há poucos anos, este cenário mudou e, actualmente, mais de dois terços dos proprietários fizeram da sua residência secundária um alojamento local pelo menos numa parte do ano, de forma a suportar as despesas correntes que estes alojamentos acarretam.

A aquisição de uma segunda casa para tirar proveito do AL é agora a primeira motivação para comprar. "Num contexto de taxas de juro baixas, os investidores procuram activos que gerem rendimentos", declara Paul Tostevin, director associado da Savills, responsável pelos estudos. O responsável adianta que os compradores actuais de uma residência secundária pretendem que as propriedades gerem rendimentos e procuram cada vez mais não só suportar custos, mas também realizar proveitos. 

O estudo revela ainda que o boom alimentado pelo crédito do início dos anos 2000 e o rápido desenvolvimento do sector do Turismo levou a um rápido crescimento do mercado das residências secundárias na Europa e nos Estados Unidos. As companhias aéreas low cost abriram novas rotas no estrangeiro, tornando alguns destinos mais acessíveis.

"Quando a crise financeira mundial despertou, os mercados imobiliários nacionais contraíram-se e a procura de residências secundárias diminuiu drasticamente. A retoma subiu nestes últimos anos, mas o panorama do sector mudou bastante. As plataformas especializadas em alojamento para férias contribuíram bastante ao facilitar aos proprietários o arrendamento do seu alojamento e também abriram o mercado para além da procura turística tradicional", lê-se no relatório.

Juan Carlos Fernández, Director Europa do Sul da HomeAway, explica que "nestes últimos 10 anos, a indústria das viagens online sofreu uma metamorfose. Realizar uma estadia num alojamento para férias deixou de ser uma solução de alojamento alternativa, tornando-se num tipo de estadia privilegiado". O responsável adianta ainda que "beneficiando de uma notoriedade crescente no setor, os alojamentos para férias atraem não só mais turistas, mas principalmente um novo perfil de viajantes, os millenials. Estes turistas têm um poder de compra significativo, no que diz respeito ao orçamento «viagens», embora o preço seja sempre um fator importante aquando da escolha do seu alojamento para férias, em particular porque viajam mais vezes.»

Tostevin, acrescenta que "o turismo mundial continua a crescer, as chegadas de turistas internacionais aumentaram para 7% o ano passado para alcançar níveis record de 1,3 mil milhões1. Em simultâneo, a expansão muito rápida das plataformas de alojamento para férias, como a HomeAway, abrem o mercado a novos grupos de turistas e permite aos proprietários alugar com mais frequência os seus alojamentos e, por conseguinte, obter um rendimento extra significativo".

Um novo mercado despontou em 2013

Após o decréscimo do crédito à habitação, o mercado ficou limitado aos destinos inicialmente privilegiados, e foi dominado por compradores detentores de fundos próprios, para quem não era necessário ou pouco essencial recorrer a um crédito à habitação. A flexibilização das condições de crédito e as baixas taxas de juro deram um novo impulso ao mercado e a procura de propriedades mais pequenas e mais acessíveis aumentou desde 2013.

Com base na amostra do estudo, o preço médio de uma propriedade adquirida no ano passado alcançava os 242 mil euros (177 mil euros em Portugal), ou seja, menos 37% do que há menos de uma década. Um pouco mais de um terço (34%) das propriedades adquiridas eram apartamentos contra um quarto anteriormente, o que reflecte a evolução da natureza do mercado do alojamento de residências secundárias.

Um terço dos proprietários consegue compensar os gastos ocasionados pelas suas residências secundárias graças a rendimentos obtidos pelas rendas e outro terço realizando até mesmo benefícios. 35% dos proprietários portugueses obtêm algum proveito das suas propriedades e 38% conseguem cobrir parcialmente os gastos.

Já os comportamentos de compra de uma residência secundária diferem segundo a origem dos proprietários. Os britânicos compram mais no estrangeiro do que os restantes europeus. Apenas 24% das suas propriedades situam-se no Reino Unido, 19% em França e 16% em Espanha. Da mesma forma, apenas um quarto das residências secundárias que pertencem a Holandeses estão situadas na Holanda. Para a maioria das nacionalidades representadas no estudo, a residência secundária situa-se no seu próprio país.

Para os espanhóis, italianos e portugueses, a predilecção do seu próprio país é mais vincada, sendo que menos 5% das suas residências secundárias situam-se fora das suas fronteiras. As residências secundárias dos portugueses situam-se nas seguintes zonas privilegiadas: Algarve (17%), a região da grande Lisboa (15%) e região Norte (13%).