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Castelo de Portuzelo: projecto turístico com amor da Galiza

25 de junho de 2018

Um palacete "romântico, de feição acastelada", situado às portas de Viana do Castelo, conquistou uma família da Galiza que, há um ano, iniciou um projecto para acolher turistas de todo o mundo.

Do século XIII, o Castelo de Portuzelo, como é conhecido localmente por se situar em Santa Marta de Portuzelo, a cerca de quatro quilómetros do centro da cidade, esconde, no meio rural daquela freguesia, o "encanto" que "arrebatou" um casal de Vigo, na Galiza, que procurava uma casa de férias.

Os avós de Ana Martinez, a ‘designer' de moda de 37 anos que em Junho de 2017 decidiu iniciar um projecto de alojamento local, encontraram, num jornal, o anúncio da venda da casa de estilo manuelino que tem elementos dos séculos XII ao XIX, e quando a visitaram, na altura em "avançado estado de degradação, não hesitaram".

Um imóvel com a «patine» do tempo...

"O Castelo estava ruínas, mas mesmo assim o meu avô ficou apaixonado pelo espaço. Meteu mãos à obra e começou a recuperação, sem nenhum apoio e respeitando a traça inicial até porque está classificado como Imóvel de Interesse Público, desde 1977", explicou.

A imponência do edifício, de arquitectura militar, sempre "impressionou" Ana que faz questão de passar essa sensação aos hóspedes, preservando o aspecto "rústico" do imóvel. Da rua que dá acesso ao castelo, avista-se a torre de vigia de estilo manuelino, com musgo e vegetação rasteira a espreitar pelas pequenas janelas, e já no interior do espaço, as árvores de fruto e os jardins estão tratados de forma natural.

"O Castelo não foi pintado propositadamente porque queremos que as suas paredes austeras reflitam a sua história. No interior, tentamos manter os espaços o mais singelos possível", explicou.

A descrição publicada no sítio da internet da Direcção Geral do Património Cultural refere que o castelo teve origem numa propriedade medieval, tutelada por uma casa senhorial à época detida por Fernão Lobo e sua mulher, Dona Ana Lobo Barreto.

Um jardim com quase 2 hectares

Com cerca de dois mil metros quadrados distribuídos por dois andares, o castelo tem ainda uma capela, dedicada a Nossa Senhora do Carmo.

No jardim com cerca de 17.000 metros quadrados, sobressai a fonte do século XVI e um túnel forrado de vegetação, que leva ao pátio de ‘fontain' dando lugar à fachada principal da propriedade. Em redor do castelo existe um fosso, hoje entulhado.

Desconhecido por muita gente da cidade, o castelo apresenta-se a quem chega a Viana do Castelo, pela ponte da autoestrada A28 sobre o rio Lima, e "sai gravado na memória" dos turistas que o alugam para férias, vindos da Indonésia, Turquia, EUA, Noruega Alemanha, França, Inglaterra, entre outros.

"Os hóspedes ficam encantados. Tivemos um grupo de pessoas da Europa e América Latina que participaram num ‘workshop' de fotografia e que ficaram maravilhados com o espaço, a privacidade e a luz, rara e diferente. A luz, ao pôr-do-sol, é única", refere Ana Martinez.

O negócio familiar envolve "três Anas, a avó, mãe e a neta". O castelo tem 12 quartos, com nove disponíveis para os hóspedes. Todos têm nomes de cidades portuguesas que "encantaram" a família nas viagens frequentes a Portugal: Sintra, Óbidos, Lisboa, Sagres, Bragança, Estoril e Faro são algumas.

"Cada quarto tem a sua personalidade, mas o de Viana do Castelo é lindíssimo, especial", diz a nossa interlocutora.

Há três salas de estar, duas salas de jantar, uma enorme cozinha e grandes corredores. Tudo decorado pelas "três Anas do castelo", brincando com a lenda de Viana que a avó lhe contou em menina.

Reza a lenda que um barqueiro que transportava mercadorias pelo rio Lima apaixonou-se por uma jovem de personalidade alegre e feições helénicas. O nome dado por baptismo à rapariga fora de Ana. O barqueiro passava o tempo a falar da Ana, enquanto carregava as mercadorias, ora perguntando por Ana ora dizendo que vira a Ana. Tantas vezes repetida a expressão “Viaana”, terá dado nome à cidade.

Ana Martinez trabalhou em Madrid para o costureiro António Alvarado, responsável pelo guarda-roupa de alguns filmes de Pedro Almodovar, entre outros artistas e músicos. Tentou em Vigo lançar a sua própria marca de roupa, mas acabou por "olhar para o castelo do avô, em Santa Marta de Portuzelo, como a possibilidade de criar um projecto de futuro".

Além de alojamento local, o espaço recebe todo o tipo de eventos, concertos, apresentações de livros, entre outros.

"Podem-se fazer aqui muitas coisas. Estou aberta a todo o tipo de proposta", refere.

Lusa/DI