CONSTRUÍMOS
NOTÍCIA
Arquitectura

 

Prémio Fernando Távora atribuído aos arquitectos Maria Rita Pais e Luís Santiago Baptista

3 de outubro de 2023

O projecto "Na Linha da Frente", dos arquitectos Maria Rita Pais e Luís Santiago Baptista, é o vencedor do Prémio Fernando Távora 2023, anunciou a Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitectos (OASRN), que atribui o galardão.

"O júri foi unânime ao distinguir a proposta 'Na Linha da Frente'", projecto de viagem de investigação, na área da arquitectura, dedicada ao 'bunker' nas linhas de defesa da Europa Central, refere o comunicado da OASRN.

Os vencedores recebem uma bolsa de seis mil euros, que permitirá a concretização do projecto.

"Na Linha da Frente" propõe um percurso pela Europa Central, em automóvel e a pé, revisitando, "no desassossegado momento presente", as "estruturas mais belas e problemáticas da II Guerra Mundial", lê-se na proposta vencedora.

"Os 'bunkers' são fortificações militares defensivas, concebidas como pontos estratégicos de localização de material militar, protecção de pessoas e reserva de mantimentos. No entanto, são igualmente concebidos para possibilitar o ataque bélico. Por questões tácticas, são habitualmente subterrâneas, activando as tecnologias de construção mais resistentes e eficazes", prossegue a descrição da proposta.

Os dois arquitectos lembram ainda que o 'bunker' faz parte da terceira fase da história da evolução da arquitectura militar, caracterizada pela "construção de pequenas estruturas super fortificadas, disseminadas e invisíveis no território", por oposição à "antiga muralha e ao forte abaluartado", visíveis e identificáveis. O 'bunker', pelo contrário, "oculta-se na paisagem, fundindo-se com ela."


Bunker na Normandia foto de Jebulon Wikipedia


A decisão do júri reconhece em “Na Linha da Frente" “uma proposta consistente, com um plano de viagem extremamente bem estruturado e pormenorizado [...]. O projecto apropria-se e reformula o próprio conceito de viagem, através da forma como os candidatos pensaram a relação com o território e a especificidade na aproximação a cada um dos lugares.”

Um dos factores que pesou na distinção da proposta, segundo o júri, "prende-se com o seu conteúdo imagético e de fascínio por estes objectos arquitectónicos, [...] inscrevendo-a numa reactivação dos problemas de fronteira e de guerra que nos vêm afligindo. A proposta procura a discussão do passado destes objectos, também em Portugal, e da sua importância para a memória colectiva futura".

O resultado da investigação será apresentado em Abril de 2025, quando do lançamento da 21.ª edição do Prémio Fernando Távora.



Os arquitectos

Maria Rita Pais, arquitecta, professora, investigadora e curadora, é doutorada em Arquitectura pela Universidade de Lisboa.

Luís Santiago Baptista desenvolve a prática da Arquitcetura, a docência universitária, a crítica e a curadoria de exposições, além da actividade editorial. Prepara a tese "Point de Folie: As Estratégias da Desconstrução na Arquitectura Contemporânea 1978-2001", com investigação na Architectural Association de Londres e no Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova Iorque.


O Prémio

Criado em 2005, o prémio é uma homenagem ao arquitecto Fernando Távora (1923-2005), nome de referência na chamada Escola do Porto e na arquitectura portuguesa contemporânea. Tem por objectivo "perpetuar a [sua] memória" e "o importante contributo da viagem e do contacto directo com outras realidades na formação da cultura do arquitecto enquanto profissional", como Távora a entendia, explica a OASRN.

O prémio consiste numa bolsa de viagem de investigação, seleccionada por um júri que, nesta 19.ª edição, foi presidido pelo actor e encenador Ricardo Pais.

Fizeram igualmente parte do júri as arquitectas Andrea Soutinho, pela Fundação Marques da Silva, Ana Vieira, pela Casa da Arquitectura, e Susana Ventura, pela OASRN, assim como Maria José Távora, filha do mestre.

O prémio é organizado pela OASRN com a Câmara Municipal de Matosinhos, a Casa da Arquitectura e a Fundação Marques da Silva.

Lusa/DI