CONSTRUÍMOS
NOTÍCIA
Opinião

 

Vai-se transformar o Golden Visa numa pura compra de Visto

6 de abril de 2022

A alteração ao regime de Golden Visa, obviamente tem algum impacto no nosso segmento de mercado. Criando alguns constrangimentos, mas também novas oportunidades. Terminar este programa nas grandes áreas metropolitanas não é positivo e não irá, ao contrário do que o governo acredita, estimular a economia no interior de Portugal.

É fundamental referir que muitos dos compradores de Golden pretendem vir efetivamente viver para Lisboa, o que acaba por contribuir fortemente para a dinamização e desenvolvimento económico do país: subscrevem serviços, vão a restaurantes, consomem cultura, fazem compras, etc. Obviamente que existe também a vertente de investimento ou facilidade de mobilidade na Europa, mas temos bastantes clientes que não só adquirem imóveis com valores superiores a 500.000€ como escolhem o país para viver com a sua família.

Ao retirar o Golden Visa dos principais centros urbanos, vai perder-se muito investimento e abrandar o crescimento económico do país. Alocar o regime a regiões no interior, onde existem menos oportunidades profissionais e atrativos para se viver, vai ter o efeito oposto àquilo que o governo pretende. Vai-se transformar o Golden Visa numa pura compra de Visto. O cliente estrangeiro que quer vir para Portugal quer ficar perto dos grandes centros urbanos, desfrutar de localizações como centro de Lisboa ou a costa de Cascais e beneficiar de todos os atrativos e comodidades que temos para oferecer. Com esta medida vai comprar no interior apenas para obter o visto, sem valor acrescentado para as regiões onde se situam os imóveis.

Para a Porta da Frente Christie’s, esta mudança não tem tido um impacto muito acentuado, afetando cerca de 8-10% da faturação. Uma vez que cerca de 65% das nossas vendas são feitas ao comprador estrangeiro. Estes números acabam por revelar que o Golden Visa já foi ultrapassado nos últimos anos, pela descoberta de Portugal enquanto destino de excelência. Em 2021, o nosso melhor ano de faturação até à data, realizámos vendas com 37 diferentes nacionalidades, sendo as principais os brasileiros, americanos e franceses.

Por outro lado, não me parece que as oportunidades de obtenção de Golden Visa para turismo e comércio possam compensar a perda na captação de investimento estrangeiro que estamos a verificar com a alteração da Lei. A maior parte dos investidores ou residentes estrangeiros preferem sempre o mercado residencial.

Reagindo a estas alterações ao regime e também pensando no crescimento sustentado da nossa atividade, a Porta da Frente formou uma equipa dedicada ao mercado do Alentejo e Comporta, e em breve abriremos uma Loja na Comporta para desenvolver o nosso mercado e segmento. Há cada vez mais projetos interessantes a nascer nestas áreas e pretendemos posicionar-nos como uma mediadora relevante aqui também e aumentar a oferta para os nossos clientes que pretendem um lifestyle mais tranquilo, recatado e próximo do campo ou do mar.

Para além do Alentejo, em 2022 iniciamos uma estratégia além-mar, estando agora presentes no Arquipélago da Madeira para comercializar empreendimentos turísticos. Tal como há 26 anos, quando abrimos o nosso primeiro escritório em Cascais, o nosso ADN pioneiro continuará a levar-nos na procura constante por novos mercados e regiões.

Rafael Ascenso

Director Geral da Porta da Frente Christie’s

*Texto escrito com novo Acordo Ortográfico