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Habitação by century 21

 

Crédito à habitação: Poupar 50 meses para pagar entrada inicial

11 de novembro de 2017

Em média, as famílias nacionais necessitam de 25 anos de trabalho para conseguir comprar casa (exemplo de habitação com 120 m²), sendo quatro dos quais correspondentes à poupança para a entrada inicial do empréstimo, caso dediquem a esta finalidade um terço do total dos seus rendimentos mensais.

Esta é uma das conclusões do estudo elaborado pela plataforma ComparaJá.pt que procurou analisar qual o valor máximo de financiamento que um casal poderá solicitar para comprar casa em cada município de Portugal sem pressionar a sua taxa de esforço, indicador que visa evitar futuras situações de sobreendividamento.

Assim foi possível perceber que muitas famílias têm encontrado dificuldades na concretização do sonho de ter casa própria devido ao aumento dos preços no sector imobiliário nos últimos anos. Se os distritos do Interior se destacam pela positiva, exigindo a aquisição de habitação, em média, apenas 15 anos de trabalho, as realidades do Algarve (42 anos), Lisboa (36 anos) e Madeira (28 anos) deixam em evidência as disparidades entre os salários e o preço por m² médios em algumas regiões do nosso país.

Alertada pelo facto de, muito por consequência destas disparidades, quatro em cada 10 dos mais de 6.000 portugueses que entre Março e Agosto utilizaram o seu simulador gratuito de crédito à habitação terem obtido prestações demasiado elevadas para o seu orçamento mensal.

“Com base nas perspectivas exploradas no estudo, seja pelo ajuste do valor do empréstimo ou do prazo do mesmo, os portugueses podem perceber como adequar o pedido de crédito à habitação às suas reais possibilidades financeiras por forma a não pressionarem a sua taxa de esforço acima do limite recomendável – cerca de um terço do rendimento mensal do agregado - e, consequentemente, evitar o incumprimento para com o banco”, explica Sérgio Pereira, fundador do ComparaJá.pt.

Apenas 40% dos consumidores seleccionou uma relação prazo/montante de crédito que lhes permitia fixar os encargos mensais com o crédito abaixo do limite recomendável (aproximadamente 1/3 do rendimento do agregado familiar). Os restantes 19% dos utilizadores surgem com taxas de esforço entre os 36% e 40%, o que os coloca num patamar de risco que, regra geral, leva a que as instituições bancárias ofereçam condições desvantajosas ou recusem a concessão do crédito.

A análise foi realizada tendo em consideração uma taxa de esforço mensal de 33%, qual o prazo mínimo de um crédito à habitação para a aquisição de uma casa com 120 m² em cada localidade e em conta um prazo de reembolso de 30 anos, qual o valor máximo de crédito à habitação (logo, o nº máximo de m² que a casa poderá ter) acessível a cada família.

Com base nestas duas hipóteses (seja através do prazo ou do valor), os portugueses podem ajustar o seu pedido de crédito à habitação por forma a não pressionarem a sua taxa de esforço acima do recomendável e, consequentemente, evitar o sobreendividamento. Foi também considerado um aspecto muitas vezes negligenciado pelos consumidores no momento de comprar casa – a poupança prévia necessária para fazer face ao valor da entrada inicial, montante que, regra geral, corresponde a 20% do valor de aquisição do imóvel.

As conclusões apontam para elevadas assimetrias inter e intra distritais: viver e trabalhar num município contíguo pode significar menos uma década de trabalho para comprar uma casa de maiores dimensões.

O estudo mostra que no caso do distrito de Faro, e tendo em conta o salário e preço do m² médios em cada município, através das simulações do ComparaJá.pt é possível verificar que para comprar uma habitação com 120 m2 em Lagos (concelho que apresenta o preço por m² médio mais elevado), por exemplo, um casal teria de trabalhar durante 64 anos. Já em Alcoutim, o concelho que apresenta o preço por m2 médio mais baixo, o mesmo casal necessitaria apenas de 20 anos. Para comprar uma casa com as mesmas dimensões no município de Faro precisaria de 34 anos de trabalho.

Já no concelho de Lisboa, um casal que pretenda um empréstimo para adquirir um imóvel com 120 m2 , atendendo ao salário e preço por m2 médios nesta localidade, demorará 60 anos. Já se o casal habitasse e trabalhasse em Oeiras, para comprar um imóvel com a mesma área demoraria praticamente metade do tempo: 31 anos. Por outro lado, tendo em conta o salário e preço do m² médios em Sintra, um casal que solicite um crédito à habitação a 30 anos conseguirá adquirir um imóvel de 166 m2 (em Lisboa fica-se pelos 82 m2) . Se o mesmo casal trabalhar e habitar na Azambuja, com um empréstimo a 30 anos poderá comprar uma casa com uma área de 251 m2 . 

No Porto, com o preço do m2 médio mais elevado do distrito, verifica-se que no Porto, um casal que solicite um crédito à habitação a 30 anos, e considerando um valor de financiamento máximo de 179.421 euros, conseguirá adquirir um imóvel de 130 m². Por outro lado, tendo em conta o salário e preço do m² médios de Felgueiras, um casal conseguirá adquirir um imóvel de 244 m2 . Por último, se esse mesmo casal habitasse e trabalhasse no concelho mais populoso deste distrito, Vila Nova de Gaia, conseguiria adquirir um imóvel de 171 m2 ao final de 30 anos.

Os valores discriminados para cada distrito podem ser encontrados em:

 https://www.comparaja.pt/credito-habitacao/estudo-taxa-esforco.

"Pelas elevadas assimetrias inter e intra distritais que se fazem sentir actualmente no nosso país, neste momento viver e trabalhar num município contíguo pode significar menos uma década de trabalho para adquirir uma habitação de maiores dimensões. Definitivamente, comprar casa em algumas zonas de Portugal está a tornar-se numa tarefa extremamente difícil e fora do alcance das famílias com menos rendimentos, alerta Sérgio Pereira.