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Habitação by century 21

 

Comprar exige menor esforço financeiro do que arrendar casa em Portugal – o estudo da Century 21 (III)

26 de julho de 2019

O Diário Imobiliário ouviu Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal. A conversa incidiu naturalmente sobre as conclusões do recente e inédito estudo elaborado pela rede de mediação sobre esforço financeiro que as famílias fazem para comprar ou arrendar casa em Portugal.

 

Como se pode alterar esta dificuldade em adquirir ou arrendar casa nas regiões onde existe maior pressão de preços e a taxa de esforço é maior?

Os resultados indicam que, numa perspectiva nacional, o acesso à habitação está genericamente ajustado à capacidade económica das famílias. Porém, uma maior concentração urbana influencia, naturalmente, a acessibilidade à habitação. A densidade populacional é um aspecto fundamental a considerar dado que a AML e AMP registam cerca de 47,5% dos agregados familiares de Portugal continental.

Os três factores que mais condicionam o acesso à habitação são a concentração urbana, o turismo e a procura internacional. Neste sentido, é importante rever os índices de construção na AML — em particular na cidade de Lisboa — desburocratizar os processos de licenciamento para agilizar a disponibilização de habitação acessível e ajustar a oferta à procura na AML, seja por parte do segmento internacional, seja por parte das famílias portuguesas, tendo em conta a evidente tendência de concentração urbana.

Outro aspecto essencial passa por promover as diferentes regiões turísticas portuguesas para retirar pressão de Lisboa, Porto e Algarve. Contudo, temos que ser conscientes que estamos a atravessar um processo de ajuste e transição do mercado, o que implica que, quer os operadores privados, quer o sector público deverão adoptar uma perspectiva estratégica, de longo prazo, para o sector da habitação.

Não acredito em soluções de curto prazo para o mercado imobiliário. A título de exemplo, na rede Century 21 Portugal registou-se um desconto médio de 14% entre o valor inicial de comercialização e o valor real de transacção dos imóveis usados em venda neste primeiro semestre. Este factor demonstra que os proprietários particulares já estão a ajustar as suas expectativas em relação ao preço dos imóveis.

 

Para os portugueses da classe média, quais as possibilidades de adquirirem ou arrendarem casa na Área Metropolitana de Lisboa?

Na AML, sete dos 12 concelhos analisados apresentam taxas de esforço inferiores a 33%, e mesmo dentro da cidade de Lisboa verificam-se diferentes realidades. A capital está a mudar de escala e, tal como já acontece noutras grandes cidades europeias, é necessária uma visão metropolitana estratégica e integrada, com uma forte aposta na mobilidade urbana entre concelhos, para melhorar as condições de vida das famílias e agilizar a acessibilidade entre as zonas de habitação e os locais de trabalho.

 

Como os portugueses podem coabitar em Lisboa com o imobiliário de luxo, a oferta turística e os estrangeiros?

Actualmente, Lisboa compete a nível global na atracção de turismo, investimento e na captação de residentes, e mudou de escala. Contudo, é uma cidade onde ainda existem terrenos e espaços que permitem a expansão da malha urbana para criar novas soluções de habitação. Para além disso, existe um potencial enorme de integração e interligação dos aglomerados habitacionais dos vários concelhos da cidade, através da implementação de uma estratégia eficiente de mobilidade intermunicipal. Esta é a tendência expectável, em linha com o que já se verifica, há muito tempo, nas principais capitais europeias.

 

As novas medidas integradas na Nova Geração da Política de Habitação vem minimizar os problemas de habitação na AML e AMP?

Acredito que este é um ponto de partida que pode evoluir, se houver uma estreita cooperação entre o sector público e o privado.