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Falta uma clara aposta do Estado na reabilitação

11 de fevereiro de 2015

São quase sete décadas ligadas à construção em Portugal e nem mesmo a crise em que se vive no país demoveu esta empresa de continuar o seu caminho no sector da construção e imobiliário. Apesar de ter no seu portfólio uma lista enorme em obras nacionais a Lucios, com sede em Vilar Pinheiro, também se aventurou na promoção imobiliária. E nos últimos anos tem realizado e promovido algumas das obras mais emblemáticas do país, nomeadamente no Norte, entre eles o Passeio das Cardosas, a reabilitação do Hotel Intercontinental e a conversão da Bolsa do Pescado em Hotel 4 estrelas. A internacionalização também é uma das apostas da empresa que tem já uma obra de grande dimensão em breve para Moçambique.

Filipe Azevedo, o jovem administrador da Lucios em entrevista ao Diário Imobiliário reconhece que os últimos anos têm sido difíceis para a economia sobretudo para a construção e imobiliário. Apesar de no ano de 2012 ter existido uma ligeira quebra, a Lucios tem sido uma das empresas mais dinâmicas no panorama nacional.

Qual a estratégia adoptada para ultrapassar esta crise?

A estratégia tem passado muito pela reabilitação e pela internacionalização, adaptando a estrutura da empresa a esta nova realidade. Posso nomear o exemplo do mercado de Moçambique que representa já um volume de negócios de cerca de 40 milhões de dólares.

A Lucios tem também apostado na diversificação. Quais as áreas mais atractivas neste momento? A Reabilitação?

Sim, sem dúvida que a reabilitação é uma área que a Lucios desenvolveu e consolidou e que se foi tornando muito importante, ao ponto de nos últimos anos, ter já representado metade do volume de facturação da empresa, o que fez com que sejamos reconhecidos pelo mercado como especialistas nesta área. Mas para além da reabilitação, temos outras áreas da construção em que temos know-how adquirido, nomeadamente na área da indústria, ambiente, hotelaria e habitação.

É mais rentável ser construtora ou promotora?

O nosso “core business” é a construção. Temos alguns negócios de Promoção Imobiliária, onde destaco o Passeio das Cardosas, na Baixa do Porto, inserido no Quarteirão das Cardosas, onde também reabilitamos o Hotel Intercontinental, e construímos o parque de estacionamento e a Praça.

O que o assusta no Orçamento de Estado 2014 para o sector?

O que continua a ser uma preocupação é o facto de continuar a haver poucos incentivos à reabilitação, ou seja, falta uma clara aposta do Estado nesta área, pois poderá ser por esta via que o sector da construção conseguirá descolar da profunda crise em que se encontra.

Como tem sido realizada a vossa internacionalização?

Lucios pretende internacionalizar-se para países onde surjam oportunidades interessantes em situações estáveis e com o mínimo risco associado. Para além de Moçambique e França, que são mercados em que já estamos a trabalhar, vamos estudando outras situações que se possam enquadrar nesta forma de abordagem. Não abdicamos de ter uma estrutura da Lucios nestes novos projectos, por forma a assegurarmos a qualidade e a boa execução dentro dos nossos parâmetros habituais.

Acredita que é uma das formas de as empresas portuguesas sobreviverem?

Esse é um caminho que não deverá ser descurado, embora tenha que haver uma boa preparação das estruturas das empresas para se adaptarem a novas realidades.

Quais os projectos estruturantes que a Lucios tem neste momento em mãos?

Temos projectos de grande relevância, em termos nacionais e internacionais, posso realçar que temos várias obras de hotelaria a decorrer no centro do Porto e grandes obras, e ainda em Moçambique.

Qual o futuro para a construção e o imobiliário em Portugal?

O futuro da construção passará muito pela reabilitação, pela revitalização do centro das cidades. As grandes obras, estão feitas, há que olhar para o património edificado e reabilitá-lo, até porque isso nos pode trazer um grande aumento de turismo, que se poderá traduzir numa boa alavanca da economia.