Brexit criou condições excepcionais para os ingleses investirem
Jorge Cerveira Pinto, responsável pela organização da 1ª Feira de Investimento Imobiliário e no Turismo no Reino Unido dedicada a Portugal garante que os ingleses continuam a ser um dos principais clientes do mercado imobiliário português, contudo, alerta para o facto, de que é necessário ainda agilizar a burocracia, simplificar os processos, garantir que os mesmos são rápidos e que acrescentam valor ao processo de tomada de decisão dos investidores.
Já estão confirmados para o evento mais de 500 milhões de euros de projectos portugueses. A feira que irá se realizar em Londres, entre os dias 20 e 21 de Outubro deste ano no Business Design Centre, vai contar com a presença do Ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral e da secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho.
O Real Estate and Tourism Investment Trade Show será direccionado aos investidores britânicos e de outros países – Europa, Médio Oriente e Ásia, presentes em Londres. Decorre em paralelo com a 2ª edição do encontro de negócios The Portuguese Offer e conta com o apoio da aicep Portugal Global e da Portuguese Chamber of Commerce no Reino Unido.
Já há alguns anos que Portugal tem vindo a estar presente em feiras em Londres mas esta será a primeira grande iniciativa portuguesa em solo inglês. Porquê só agora e qual o objectivo?
Jorge Cerveira Pinto: Sim, de facto têm-se realizado iniciativas várias de promoção do investimento em Portugal, graças particularmente ao trabalho que a delegação da AICEP em Londres desenvolve. Mas só agora, foi possível avançar para um evento específico, na cidade de Londres, neste modelo de exposição e encontro de negócios que é esta primeira edição do Real Estate and Tourism Investment Trade Show – Feira de Investimento de Imobiliário e Turismo, 20-21 de Outubro, no Business Design Centre.
Penso que fizemos uma aprendizagem importante com eventos anteriores multisetoriais no Reino Unido, existe um enorme interesse por oportunidades de investimento em Portugal e, finalmente, foram criadas condições em termos de modelo de negócio que permitem pensar este projeto a longo prazo. Iremos realizar a segunda edição em Londres 2018, a primeira edição em São Paulo (Brasil) e em 2019 a primeira edição no Dubai, Emirados Árabes Unidos, conjuntamente com Londres e São Paulo. Desta forma, alavancamos escala e sustentabilidade numa estratégia continuada de médio prazo que incremente a atractividade de investimento estrangeiro para Portugal e contribua para o crescimento económico nacional.
De facto Portugal está na moda e os ingleses foram sempre dos principais investidores de imobiliário em Portugal. Com o Brexit, é a altura certa para conseguir captar mais investimento inglês?
Sem dúvida. O Brexit criou condições excepcionais. Muitos ingleses pensam agora aumentar a sua presença em outros países, principalmente na Europa continental, como forma de se protegerem de algumas consequências mais negativas que possam advir do Brexit. Por outro lado, e como refere, os ingleses sempre foram grandes investidores em Portugal.
Mas para conseguirmos aproveitar este momento, temos que ser profissionais, dinâmicos e criar condições para que de forma rápida e simples possamos aproveitar esta abertura e percepção de que Portugal é uma boa aposta. E neste aspeto ainda continuamos, nomeadamente em termos de investimento em projetos imobiliários e de turismo, a ter níveis de burocracia e essencialmente uma lentidão de processos que desagrada particularmente aos investidores estrangeiros. Mais importante do que simplificar os processos, é garantir que os mesmos são rápidos e que acrescentam valor ao processo de tomada de decisão. Muitas vezes ficamos com a impressão de que nem sempre este é o caso...
Sei que este evento quer ir mais longe e conquistar outros investidores internacionais. Quem pretende atrair e o que Portugal tem para oferecer?
Londres é um hub internacional de negócios, com ou sem Brexit. Em Londres, é possível reunir com investidores Europeus, Asiáticos, Americanos, Médio e Extremo Oriente, razão pela qual o evento procurará proporcionar aos investidores destas regiões a operar no Reino Unido o encontro com projetos imobiliários e de turismo em Portugal. Por outro lado, e como referi anteriormente, teremos as edições em São Paulo e Dubai em 2018 e 2019. Portugal oferece excelentes condições de competitividade e atractividade para o investimento: estabilidade sociopolítica e segurança, serviços relativamente desenvolvidos, boas infra-estruturas de transporte aéreo, marítimo e terrestre, atractivas taxas de retorno a médio e longo prazo, um contexto inovador interessante, por exemplo, em projetos energéticos alternativos e condições no mercado laboral muito competitivas e com recursos humanos de elevada qualidade. E, naturalmente, não podemos esquecer as relações estratégicas que temos com estado membro EU, África, América do Sul e Ásia. Somos, assim, um excelente destino para múltiplos investidores internacionais.
Até ao momento como tem sido a adesão das empresas portugueses (quantas já reservaram)? Que tipo de projectos vão estar presentes? Já estavam nos 500 milhões de euros em projectos. Qual a perspectiva até Outubro no momento da feira e quantos visitantes esperam?
A nossa Feira de Investimento Imobiliário e Turismo foi propositadamente pensada para um universo de aproximadamente 20 a 25 empresas. Se pensarmos que cada empresa irá apresentar entre 3 a 5 projetos, para além do seu portfolio mais geral de projetos, estamos facilmente acima dos 500 milhões de Euros.
Uma vez que o evento é exclusivamente B2B para investidores, e que cada um deles terá uma proposta de reuniões definida antecipadamente, esperamos atrair cerca de 100 investidores institucionais, o que inclui representantes de fundos de investimento, de bancos, gestores de fortuna e de investimento, investidores familiares e alguns grandes investidores individuais.
Em termos de visitantes durante os dois dias esperamos ultrapassar os mais de 1.000 visitantes, o que constitui igualmente uma excelente oportunidade quer para projetos de pequena quer de grande dimensao. Mas a nossa prioridade é o programa dos investidores convidados e a sua relação com os expositores. O sucesso deste evento será medido em negócios concretizados e em reuniões bem sucedidas. E para isso às vezes basta uma única reunião.
Actualmente as entidades públicas estão mais envolvidas e participativas neste tipo de eventos. A que se deve este facto?
O nosso evento recebeu desde logo o apoio das diversas entidades publicas com quem contactamos. A aicep Portugal Global (representação no Reino Unido), Portugal IN (estrutrura de missão governamental dependente directamente do Primeiro Ministro), a Portuguese Chamber of Commerce no Reino Unido, para além das diversas associações sectoriais como a AECOPS, Associação Portuguesa de Bancos, Associação Portuguesa de Gestores de Golfe ou Associação Portuguesa de Resorts.
Graças a estes apoios institucionais e de promoção junto dos respectivos associados temos já garantida, entre outros, a presença da Invest Lisboa, Invest Madeira, Clube Belas de Campo, Vale do Lobo Resort, Grupo Onyria. Por isso, só podemos agradecer e esperamos continuar a trabalhar com estas e outras entidades públicas em Portugal e no estrangeiro.