Choque na banca americana não deverá impactar Zona Euro
Ainda que a economia norte-americana seja a mais forte do mundo, os especialistas da Allianz Trade, accionista da COSEC- Companhia de Seguro de Créditos, no estudo "US Bank failures – What's Next", estimam que os riscos de contágio sejam poucos para a banca europeia.
Com o colapso do Silicon Valley Bank (SVB), os receios regressaram ao sector financeiro norte-americano. Ainda assim, as previsões são de que os efeitos de contágio para o sistema financeiro europeu serão reduzidos, até porque, a Zona Euro tem activos sistemas que lhe permitem absorver potenciais choques.
A Allianz Trade antecipa que os problemas sentidos na economia norte-americana não deverão, assim, ter consequências alarmantes para o sector bancário global, todavia, não pode ser descartada alguma instabilidade, pelo menos no curto prazo.
Na última década, e depois da crise da dívida soberana que assolou a área do euro, a saúde do setor bancário melhorou significativamente, permitindo-lhe ter as condições necessárias para, caso seja necessário, mitigar as possíveis consequências negativas deste contexto, defendem os especialistas da líder mundial em seguros de Crédito. Os maiores bancos da Zona Euro, com activos que representam cerca de 80% do PIB da região, estão hoje muito mais saudáveis do que 2015, fruto de uma regulação e supervisão mais consistente.
Os bancos europeus adquiriram experiência com a crise da dívida soberana, que começou em 2008, e que afectou várias economias. No entanto, alguns países continuam expostos aos seus soberanos, com os bancos a deterem elevados níveis de dívida dos países.
Os efeitos que poderão ser antecipados, fruto do colapso do SVB, prendem-se nomeadamente, com a concessão de financiamento, podendo as condições tornarem-se mais restritivas tanto nos EUA, como em outros países, à medida que os bancos elevam os critérios de empréstimo.
Impacto nos mercados da quebra do SVB
Apesar de alguns reajustamentos após os últimos dados da inflação nos EUA, como refere a acionista da COSEC, os mercados voltam a antecipar que a inflação no curto prazo vai continuar a ser um factor de pressão. Uma crise financeira não é perspectivada, mas a incerteza e a volatilidade vão continuar a marcar o desempenho dos mercados no curto prazo.
Aliás, após o choque que os mercados sofreram com o colapso do SVB, existem perspectivas para subidas dos juros por parte da Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed). Já para a Zona Euro, e tendo em conta que os efeitos de contágio estimados são limitados, os mercados antecipam agora um ritmo de subida dos juros por parte do Banco Central Europeu (BCE) mais lento que anteriormente.