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Arquitectura

 

O papel das obras arquitectónicas na afirmação do Estado Novo

29 de outubro de 2018

As obras arquitectónicas marcantes do Estado Novo e o seu papel na afirmação do regime "salazarista" estarão no centro da discussão, nos dias 6 e 7 de Novembro, na Universidade de Coimbra, num colóquio que reúne três dezenas de especialistas.

O colóquio evoca a passagem de 70 anos sobre a "importante e emblemática" exposição Quinze Anos de Obras Públicas (1948).

Levada a cabo durante a passagem de José Frederico do Casal Ribeiro Ulrich pelo Ministério das Obras Públicas do governo de António Salazar, a exposição serviu como mostra e momento da reflexão do caminho iniciado 15 anos antes pelo ministro Duarte Pacheco, a quem se devem algumas das obras mais marcantes do regime.

A comissão científica do colóquio é assegurada por Luís Miguel Correia, do Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (DARQ-FCTUC), e Joana Brites, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), ambos investigadores do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX (CEIS20).

Os trabalhos vão decorrer num dos anfiteatros da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, edifício que integra o vasto conjunto arquitetónico da Alta de Coimbra, erigido durante o Estado Novo, que integra o Património Mundial da UNESCO.

O colóquio não vai refletir apenas sobre o legado construído, dentro do país e também nas antigas colónias, mas também sobre os seus autores e protagonistas, explica Luís Miguel Correia. Destaca-se a presença de uma nova geração de investigadores que através dos seus recentes trabalhos tem produzido uma renovada leitura sobre a obra do regime.

A conferência de abertura do colóquio será proferida pelo historiador britânico Roger Griffin (Oxford Brookes University), historiador do fascismo, "permitindo situar internacionalmente a problemática das campanhas de obras públicas no quadro dos regimes fascistas e do modernismo", explicam os organizadores.

A arquitecta Ana Tostões reflete de seguida sobre a "Arquitectura das obras públicas como um instrumento do Governo". "A questão da monumentalidade e da imagem de regime são o fio condutor desta apresentação sobre a busca do monumento convocado nas diversas vertentes: retórico clássico, pastoral regional, moderno radical. Em destaque vai estar a obra de Porfírio Pardal Monteiro, o arquitecto que mais construiu a obra pública do Estado Novo e que se celebrizou como um dos primeiros modernos na primeira metade do século XX", avançam os organizadores.

Lusa/DI