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Bienal de Veneza: Exposição "In Conflict" percorre sete processos da história recente da arquitectura do país

14 de março de 2021

A exposição do projecto "In Conflict", que representará Portugal na Bienal de Veneza de Arquitectura, vai percorrer sete processos que marcaram a história da arquitectura do país, nas últimas cinco décadas, com foco na habitação e na dimensão de interesse público desta disciplina.

Mais do que falar dos edifícios dos casos escolhidos, noticiados pelos media desde os anos 1970 até à actualidade, pela sua componente social ou polémica, os curadores do projecto seleccionado - atelier depA architects, um colectivo do Porto - quiseram abordar os processos e narrativas que representam, sublinharam, em entrevista à agência Lusa.

Os curadores João Crisóstomo, Carlos Azevedo, Luís Sobral, sócios fundadores do atelier portuense, e Miguel Santos, curador-adjunto do projecto, centraram também o contributo para a Bienal de Arquitectura de Veneza na necessidade de debate das questões da habitação e da arquitectura de uma forma transversal, abrangendo várias áreas da sociedade.

"Partimos do princípio de que, para vivermos em comunidade, para nos entendermos, e para realçar as vantagens do Estado democrático, temos de assumir que as ideias têm de ser debatidas e deve haver espaço para o seu confronto. Esta é a resposta directa à pergunta do curador da Bienal", disse Luís Sobral sobre a designação do projecto, "In Conflict", cuja tradução que consideram mais certa, em português é "em confronto".

 

Exposição da responsabilidade do colectivo “depA architects”

Hashim Sarkis, curador-geral da 17.ª Exposição Internacional de Arquitectura de Veneza - marcada para os dias 22 de Maio a 21 de Novembro de 2020 - lançou, como guia para os participantes desta edição, o tema "How we will live together" ("Como vamos viver juntos", em tradução livre).

O colectivo depA architects foi um dos cinco ateliers convidados, pela Direcção-Geral das Artes, organizadora da representação nacional, para o concurso, acabando por vencer, com um projecto que inclui uma exposição, que será apresentada em Veneza, no Palazzo Giustinian Lolin, a partir de 22 de Maio, e nove debates, divididos entre Lisboa, Porto e Veneza, o primeiro a acontecer este domingo, pelas 18h00, em formato 'online', sobre estratégias de habitação na capital.

Para a exposição, cujo ponto de partida é a habitação, os curadores realizaram uma pesquisa que se centra em quase 50 anos da história recente do país, e passa por sete casos emblemáticos, com palco em diversas localidades portuguesas, desde as grandes metrópoles de Lisboa e do Porto, até ao interior do distrito de Leiria, e às regiões do Alentejo e do Algarve.

 

Processos que marcaram a nossa história recente

O chamado bairro dos "Índios da Meia Praia", no concelho de Lagos, no Algarve, ligado ao projecto do Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL), de habitação destinada às populações desfavorecidas, o Bairro do Aleixo, no Porto, demolido, mas deixando ainda vivo o problema social da população deslocada, o projecto "Cinco dedos", em Chelas, Lisboa, do arquitecto Victor Figueiredo, o projecto de reconversão urbana dos estaleiros da Margueira, em Almada, dos arquitectos Manuel Graça Dias e Egas José Vieira, a nova Aldeia da Luz, no concelho de Mourão, Alentejo, a Ilha da Bela Vista, no Porto, e a reconstrução de sete casas destruídas pelos incêndios de 2017, em Pedrógão Grande e Figueiró dos Vinhos, no distrito de Leiria, completam os sete processos escolhidos pelo colectivo.

Devido à pandemia covid-19, a 17.ª Exposição Internacional de Arquitectura de Veneza, que deveria ter acontecido entre Agosto e Novembro de 2020, foi adiada para este ano, e, consequentemente, a 59.ª Bienal de Arte passou para 2022, como anunciou a organização.

Lusa/DI