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Mercado imobiliário nacional mantém dinamismo

20 de maio de 2019

A procura de escritórios no 1.º trimestre do ano manteve-se dinâmica na Grande Lisboa, com a forte limitação de espaços a incentivar os negócios de pré-arrendamento. No período foram registados mais de 180 negócios de retalho, equivalentes a uma ocupação de 35.000 m²

O volume de investimento entre Janeiro e Abril está perto dos 700 milhões de euros, com o sector de retalho a representar quase metade deste valor. Já o mercado Industrial & Logístico deverá ser impulsionado pela expansão dos retalhistas alimentares e pelo e-commerce.

O mercado imobiliário nacional continuou a evidenciar uma evolução positiva nos primeiros meses do ano, com a actividade de ocupação e de investimento a registar um desempenho em linha com o esperado, de acordo com a análise trimestral da consultora internacional Cushman & Wakefield. Para a C&W, a economia portuguesa começou 2019 com alguns sinais de abrandamento, e tal factor que não pode ser ignorado e deverá refletir-se ao longo do ano no mercado imobiliário. As estimativas da Cushman & Wakefield apontam para algum abrandamento do crescimento em termos de actividade, que “deverá manifestar-se de forma ligeira na dinâmica da procura e de modo mais acentuado no que se refere aos valores de mercado”.

De acordo com Marta Esteves Costa, Partner e Head of Reserch da Cushman & Wakefield, “Não esperamos uma inversão do ciclo de forte crescimento que temos vindo a registar desde 2014, mas estamos convictos de que o abrandamento no crescimento económico vai ter o seu impacto no sector imobiliário. Salientamos que as nossas expectativas não são de queda, apenas de abrandamento no crescimento…” - adianta.

 

Mercado de Escritórios

No mercado de escritórios — adianta a consultora — foram transaccionados cerca de 42.000 m² de área num total de 43 negócios entre Janeiro e Março deste ano, um valor que se mantém em linha com o período homólogo e que dá continuidade aos níveis de procura particularmente activos registados ao longo de 2018.

A Zona 5 (Parque das Nações) concentrou 47% deste volume, tendo sido também nesta zona que se verificou o maior negócio do trimestre, a compra (em forward funding) da nova sede da AGEAS com 17.400 m². Seguem-se a Zona 2 (Central Business District) e Zona 3 (Nova Zona de Escritórios) com 22% e 16% de área transacionada, respetivamente.

A taxa de desocupação manteve a tendência de descida, atingindo os 5,3%, com apenas 250.000 m² de oferta disponível em toda a Grande Lisboa. Considerando apenas os espaços de qualidade superior, o valor da oferta disponível desce para menos de metade deste valor. A forte limitação de espaços de escritórios de qualidade e dimensão, principalmente na zona central de Lisboa, tem vindo a incentivar os negócios de pré-arrendamento e a construção especulativa de novos projectos, levando à subida das rendas prime em todas as zonas do mercado, com excepção da Zona 1 que se manteve nos 21€/m²/mês.

 

Retalho: comércio de rua domina

No mercado de Retail, o comércio de rua representa 74% do número de negócios registados. A actividade no sector de retalho durante os primeiros três meses do ano é igualmente assinalável, “com o índice de volume de negócios a atingir os 118 pontos em Março, um crescimento homólogo de 5,4%”. Entre Janeiro e Março foram registados pela Cushman & Wakefield mais de 180 negócios de ocupação num total de 35.000 m², com o comércio de rua a representar 74% da procura em número de negócios, mas apenas 33% em termos de área.

Os centros comerciais agregam 16% da área ocupada, resultado da escassez de espaço disponível nos principais centros. O sector dos Restaurantes & Cafés terá sido o maior impulsionador desta procura com 50% da área transaccionada, seguido pelo Lazer & Cultura com 15%.

 

Industrial & Logística: em crescimento...

O sector Industrial & Logístico, por sua vez — adianta a C&W — deverá revelar em 2019 uma dinâmica mais forte que em 2018, desde que garantida a necessidade de espaço dos vários operadores que o procuram de forma activa. Apesar da ocupação restringida a 7.000 m² até Março, o ano de 2019 deverá reflectir os efeitos de um mercado impulsionado pela expansão dos retalhistas alimentares e pela crescente procura de espaços de logística urbana em resposta ao crescimento expectável do e-commerce.

 

Investimento: o sector de retalho continua a ser o mais apelativo...

Basta dizer que o sector de retalho concentra metade do volume transaccionado. Após um ano recorde em 2018, com 3 000 milhões de euros transaccionados, entre Janeiro e Abril de 2019 registou-se já um volume de investimento imobiliário “que se aproxima dos 700 milhões de euros”. O sector de retalho foi o mais dinâmico, tendo contabilizado dez negócios e cerca de 350 milhões de euros transaccionados, o equivalente a quase 50% do total investido – diz a C&W. O maior negócio do ano até à data foi a venda do Leiriashopping por parte da Sonae a um fundo gerido pelos alemães da REEF, por um valor de 128 milhões de euros.

O mercado de escritórios, por seu lado, concentrou 39% do total de investimento, com 266 milhões de euros transaccionados e que incluem a venda do portfólio do Art's Business Centre e Torre Fernão Magalhães à Merlin Properties por 112,5 milhões de euros. Os setores industrial e hoteleiro “acomodaram, em conjunto, 10% do volume de investimento”. Adicionalmente, foi também registado um negócio de forward purchase de duas residências de estudantes em Lisboa e Porto, concretizado pela Xior e que envolveu €28 milhões.