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Investimento imobiliário iguala em 2019 recorde do ano anterior: 3 mil milhões de euros

2 de janeiro de 2020

As transacções de portefólios de grande dimensão representaram mais de metade (1.450 milhões de euros em 17 negócios) do total investido em imobiliário comercial. Os investidores estrangeiros mantiveram o domínio do mercado nacional (78% do volume transaccionado) – mesmo assim, o capital nacional mais do que duplicou a sua participação no mercado em termos de volume investido. Também a taxa de desocupação no mercado de escritórios da Grande Lisboa atingiu o mínimo histórico, de 3,9%, reflectindo a escassez de oferta de qualidade face à actual procura.

Estas são as principais conclusões do relatório anual da consultora Cushman & Wakefield (C&W), apresentado hoje. Para Eric van Leuven, director-geral da consultora em Portugal, “2019 foi transversalmente um ano excelente para o imobiliário nacional: no mercado de investimento imobiliário comercial estima-se que terão sido transaccionados 3.000 milhões de euros enquanto que o mercado ocupacional revela uma procura activa e limitada pela escassez de oferta de produto de qualidade.” Quanto à actividade da (C&W em Portugal, obtivemos igualmente um óptimo resultado, com todos os departamentos a excederem os objectivos. O ano passado foi também marcado pela atribuição à empresa do prémio de melhor consultora imobiliária global pela prestigiada publicação internacional Euromoney”, continua Eric van Leuven

Mercado de investimento imobiliário comercial

A actividade de investimento imobiliário comercial manteve-se extremamente dinâmica ao longo de 2019, nomeadamente na segunda metade do ano. O valor definitivo de fecho do ano encontra-se ainda por confirmar (com 2.750 milhões de euros registados até 31 de Dezembro), mas acredita-se que deverá rondar os €3.000 milhões, em linha com o valor recorde atingido no ano passado. Tal como noutros mercados europeus, o volume de investimento foi limitado pela quantidade de activos disponíveis para transacção, e não pelo apetite dos investidores. As transacções de portefólios de grande dimensão continuaram a ter um peso muito significativo no total de investimento, tendo representado 53% do volume transaccionado; com 1.450 milhões de euros distribuídos por 17 negócios.

No que respeita à actividade de promoção e reabilitação urbana, influenciada pela escassez de oferta nos mercados ocupacionais e pela maior atractividade do sector imobiliário nacional à escala mundial, continuou a atrair investimento institucional, estimando-se que em 2019 o volume alocado a este tipo de operações tenha substancialmente ultrapassado €1.000 milhões. Entre as operações de maior dimensão, destacam-se a venda da pelo Novo Banco de um projecto residencial em Marvila (Lisboa) à VIC Properties por 140 milhões de euros, e a recente aquisição dos principais activos da Herdade da Comporta pelo consórcio Vanguard Properties e Amorim Luxury à Gesfimo por 147 milhões de euros.

Para este ano, a consultora  prevê a continuação de um ano extraordinário para o imobiliário, sobretudo pelo baixo nível das taxas de juro, e a “popularidade” de Portugal como destino de investimento.

Em 2020, o conceito de economia partilhada (ou corevolution) continuará a dinamizar o mercado

Para 2020, o director-geral da consultora em Portugal, revela que "para este ano as perspectivas mantêm-se optimistas, apesar de alguma instabilidade internacional e um menor potencial de crescimento da economia mundial. No entanto, a expectável manutenção do baixo nível das taxas de juro, e a “popularidade” de Portugal como destino de investimento, farão prever aplicações de altos níveis de liquidez nos vários segmentos do mercado imobiliário”.

Em 2020, actividade de investimento vai manter-se dinâmica, apesar de caracterizada por alguma escassez de produto em oferta. Estando actualmente mais de 2 mil milhões de euros de transacções em diversas fases de negociação, as nossas estimativas apontam para que este ano se registe um volume próximo aos dois últimos anos. No mesmo sentido, não antecipamos um decréscimo dos elevados níveis de procura latente no mercado ocupacional, que continuarão a pressionar o mercado para o aumento da oferta de espaços com qualidade e adequados aos critérios de ocupação dos inquilinos.

A consultora avança ainda que ao longo de 2020, o conceito de economia partilhada (ou corevolution) continuará a dinamizar o mercado, com o surgimento de novos produtos e conceitos. Entre outros, estes incluem escritórios flexíveis (nos quais se enquadra o coworking); coliving; microliving; e um novo tipo de residências de estudantes e de seniores. Não sendo produtos novos no mercado, distinguem-se pelo enfoque no seu ajustamento aos novos requisitos dos utilizadores finais e por terem uma gestão profissionalizada, pelo que irão começar a atrair o interesse dos investidores institucionais.

“Por último, faço votos para que o recém-empossado Governo passe a tratar o sector imobiliário com o carinho que merece uma indústria que foi em grande parte responsável pela recuperação económica e do emprego – e não apenas como uma fonte inesgotável de impostos. Se em 2019 o Governo teve algumas iniciativas louváveis, nomeadamente a possibilidade da criação de SIGI (Sociedades de Investimento e Gestão Imobiliária) e o Programa de Arrendamento Acessível, há a destacar pela negativa a alteração (mais uma..) à Lei do Arrendamento, onerando novamente os senhorios, e criando um regime de direitos de preferência impraticável e que matou à nascença a possibilidade de um mercado institucional de arrendamento habitacional, tão necessário e tão comum noutros países”, salienta Eric van Leuven.

Quanto aos resultados de 2019, a Cushman & Wakefield revela que a actividade de investimento imobiliário comercial manteve-se dinâmica, com o volume de fecho estimado em 3 mil milhões de euros, em linha com o valor recorde atingido no ano passado.