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Escritórios

 

Reflexões sobre o mercado de escritórios no Porto

9 de novembro de 2016

Desde há pelo menos três anos que o Porto tem poucos metros quadrados disponíveis para escritórios. A procura, cada vez maior, fruto da chegada das companhias aéreas low cost ao Porto e do crescimento do turismo na região, entre outros factores, excede largamente a oferta. O mercado de escritórios da Invicta está dividido em quatro zonas – Boavista, Baixa, Zona Industrial e Oriente – estando esta última a desenvolver-se, alavancada pelo UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto.

Estas são algumas das conclusões que João Nuno Magalhães, director-geral da PREDIBISA, consultora imobiliária, especializada no mercado imobiliário do norte do país há mais de 25 anos, está a apresentar hoje na Conferência "Porto, um novo polo de atracção de investimento internacional", que se está a realizar no Pátio das Nações do Edifício da Bolsa, integrada na IV Semana da Reabilitação Urbana Porto 2016. "A realidade do mercado imobiliário do Porto" é o tema da apresentação de João Nuno Magalhães, numa iniciativa que teve ainda como oradores Rui Moreira, presidente da autarquia portuense, e Ricardo Valente, vereador de Desenvolvimento Económico.

 

 Factores de atractividade

 

Entre os factores que fazem do Porto um destino apetecível para as empresas que se querem fixar na cidade, o director-geral da Predibisa acredita que a Invicta é hoje uma "localização geográfica estratégica" pelo forte impacto do turismo – muito motivado pela chegada das companhias aéreas low cost e pelos prémios que distinguem a cidade como "Melhor Destino Europeu" –, por ser a principal cidade do norte do país e a segunda em Portugal, com uma grande base terciária, pelo alto poder aquisitivo, pela qualidade de vida e pelo prestígio das universidades do norte, que consequentemente atraem cada vez mais estudantes estrangeiros.

Efectivamente a "procura é acentuada para grandes espaços, sobretudo por empresas call centre e de serviços partilhados, bem como da área tecnológica e de consultoria". No entanto, além da escassez da oferta – "falta construção nova e adaptada há cerca de cinco anos" –, as dimensões da que existe são desajustadas face às necessidades atuais. Entre o que os investidores mais valorizam encontram-se uma boa rede de transportes públicos (especialmente de Metro), edifícios recentes, boas infraestruturas e boas áreas e acessos. Além disso, procuram zonas com mão-de-obra qualificada, próxima de universidades conceituadas, o que se reflete num menor custo de ocupação e em melhor qualidade de vida, quando se compara o Porto com outras cidades europeias.

 

Caracterização das zonas de escritórios no Porto

 

O mercado de escritórios do Porto está dividido em quatro zonas: Boavista, Baixa, Zona Industrial e Oriente.

A Boavista, com valores de referência de renda mensal entre 12 e 16 euros/m2, caracteriza-se por reunir um conjunto de condições, que fizeram com que fosse eleita como zona Prime (CBD prime): edifícios mais recentes e eficientes aos níveis de arquitectura e ambiente e com infraestruturas adequadas, áreas amplas/open space, potencial de crescimento das empresas, parques de estacionamento públicos, estacionamento privativo, boa rede de transportes públicos, boas acessibilidades e proximidade de serviços e oferta comercial.

Em contraste, grande parte dos imóveis da Baixa, com valores de referência de renda mensal entre 9 e 11 euros/m2, está degradada e sem infraestruturas e dispõem de áreas pequenas, com estacionamento insuficiente. Na Avenida dos Aliados ainda permanecem instituições bancárias e algumas seguradoras que actualmente estão a alienar os seus edifícios, o que poderá abrir espaço a nova oferta. No entanto, e apesar de serem poucas as instalações no centro do Porto com condições para acolherem as novas empresas desta geração, "a reabilitação do centro urbano, a construção de parques de estacionamento e o Metro do Porto são alguns dos factores que contribuem para esta emergente procura de escritórios na Baixa", explica João Nuno Magalhães.

Emergente é ainda, de acordo com a Predibisa, a zona oriental da cidade (Paranhos, Antas e Campanhã), uma das áreas urbanas mais carenciadas do Porto. O desenvolvimento desta parte da Invicta tem estado sobretudo alavancado pelo UPTEC - Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto, que tem vindo a promover a criação de empresas "startup", de bases tecnológica, científica e criativa, contribuindo de forma sustentável para o crescimento da Região Norte. Também Campanhã, além do Edifício da NOS junto à estação, tem demonstrado ser uma zona com potencial de desenvolvimento. Os valores de referência de renda mensal nesta zona situam-se entre os 9 e 10 euros/m2.

Mais tradicional neste mercado é a antiga Zona Industrial do Porto, que se tem vindo a transformar numa área de serviços, com um misto de armazéns e edifícios novos de escritórios. A proximidade de estações de metro e os bons acessos viários caracterizam esta zona, cujos valores de referência de renda mensal variam entre 10 e 12,5 euros/m2.