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Construção urbana agrava consequências das alterações climáticas

19 de janeiro de 2019

Organização das cidades e o tipo de construção condiciona a circulação do vento, colocando em causa o conforto e a segurança dos peões, revelam investigadores de Coimbra.

De acordo com o CentroAdapat - Centro de vanguarda em adaptações às alterações climáticas, as cidades são hoje mais vulneráveis aos impactos das alterações climáticas, situação que tem vindo a agravar-se, fruto do elevado grau de artificialidade do território, das infraestruturas de fraca qualidade e até da concentração populacional. 

Manuel Gameiro da Silva, da Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, refere que "nas áreas urbanas é frequente ocorrer uma diminuição média da velocidade do vento na ordem dos 20 a 30%. O comportamento do vento é algo que não pode ser negligenciado na construção e organização das modernas cidades, uma vez que estamos perante um elemento que influência a dispersão de poluentes e o conforto dos cidadãos. Se por um lado a disposição dos edifícios em torres isoladas favorece positivamente a circulação de ar e remoção de poluentes, por outro a disposição de edifícios em torno de espaços fechados acaba por surtir o efeito contrário, dificultando a dispersão de poluentes e outros resíduos".

"Hoje sabemos que o espaço urbano provoca o agravamento de algumas alterações climáticas. O aumento da temperatura, a redução da velocidade média do vento e a emissão mais localizada de contaminantes devido ao trânsito de veículos, contribuem para o aquecimento das cidades e a degradação da qualidade do ar. A combinação do efeito de ilha de calor com a diminuição da velocidade do vento são fatores que, inevitavelmente, vão agravar os efeitos negativos das alterações climáticas que se fazem notar nas estações mais quentes, provocando o crescente desconforto da população, o maior consumo de água, o incremento da poluição e até o aumento da morbilidade e mortalidade", esclarece Almerindo Ferreira, investigador da Universidade de Coimbra. 

O Impacto das alterações climáticas em espaços urbanos é um dos temas que tem sido alvo de estudo pelo CentroAdapt que tem vindo a realizar, desde o início de 2018, inúmeras formações na área das alterações climáticas. As próximas formações subordinadas ao tema “Vento nas Cidades”, estão marcadas para dia 29 de Janeiro, no Hotel Montebelo Viseu e dia 18 de Fevereiro, na Casa Costa Alemão, na Universidade de Coimbra.

Na opinião de João Carlos Marques, responsável pelo CentroAdapt, "as alterações climáticas constituem uma ameaça global para os ecossistemas naturais e humanos a nível ambiental, social e económico. Implementar estratégias concertadas e sustentáveis para mitigar os seus efeitos e potenciar a adaptação a um clima em mudança, constitui uma prioridade a curto prazo. Neste sentido, o CentroAdapt assume o papel de facilitador de informação entre a academia e as empresas/entidades, estimulando a potencial definição de necessidades dos agentes e a procura de alternativas para os desafios futuros face às mudanças climáticas".

O CentroAdapat é um projecto co-financiado pelo Programa Operacional Regional do Centro (Centro 2020) para o período 2014-2020 no âmbito do Eixo de intervenção 1: “Investigação, Desenvolvimento e Inovação (IDEIAS)”, que tem como principal objectivo reforçar a investigação, o desenvolvimento tecnológico e a inovação, através do Fundo Europeu para o Desenvolvimento Regional (FEDER).

São parceiros do CentroAdapt a Universidade de Coimbra, o Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, o Instituto para a Sustentabilidade e Inovação em Engenharia Estrutural, a Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial e o Centro de Informática e Sistemas.